Mercados

Cyrela pode inaugurar captação do setor residencial no exterior

Segundo uma pessoa envolvida na negociação, executivos da empresa se reuniram com investidores estrangeiros para falar da venda de bônus

Feirão da Caixa: Minha Casa, Minha Vida vai ajudar na receita de R$ 4,6 bi das construtoras (Antonio Cruz/AGÊNCIA BRASIL)

Feirão da Caixa: Minha Casa, Minha Vida vai ajudar na receita de R$ 4,6 bi das construtoras (Antonio Cruz/AGÊNCIA BRASIL)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de novembro de 2010 às 09h04.

Nova York/São Paulo - A Cyrela Brazil Realty SA Empreendimentos e Participações pode se tornar a primeira empresa brasileira do setor de imóveis residenciais a vender títulos no exterior. A maior construtora do País por faturamento busca atender à demanda por habitação impulsionada por programas do governo.

A empresa sediada em São Paulo provavelmente vai pagar uma taxa de até 7 por cento nos títulos com prazo de 10 anos, ou 130 pontos-base a mais do que o rendimento médio da dívida corporativa brasileira, disse Eric Ollom, estrategista para mercados emergentes da Jefferies & Co. em Nova York. Esse rendimento médio caiu para a mínima histórica de 5,64 por cento na semana passada, de acordo com o Índice CEMBI do JPMorgan Chase & Co.

As cinco maiores construtoras brasileiras devem ter receita média de R$ 4,6 bilhões nos próximos 12 meses, de acordo com projeções compiladas pela Bloomberg. O governo está ajudando a financiar a construção de 3 milhões de moradias para famílias de baixa renda até 2014. Executivos da Cyrela se reuniram com investidores na Europa, Ásia e nos Estados Unidos na semana passada para falar sobre a proposta de venda de bônus, de acordo com uma pessoa a par da situação que pediu anonimato porque as discussões são particulares.

“As empresas querem tirar proveito do atual ambiente de juros e emitir o máximo que podem”, disse James Harper, diretor de pesquisa corporativa da BCP Securities em Greenwich, no estado americano de Connecticut. “O Brasil é o quinto país mais populoso do mundo e ainda há um déficit habitacional.”

Mais ofertas no exterior

Mais construtoras residenciais podem realizar captações no exterior, segundo Harper. A Cyrela tem classificação de risco BB pela Standard & Poor’s e pela Fitch Ratings, dois níveis abaixo do grau de investimento. A empresa não tem classificação pela Moody’s.

A assessoria de imprensa da Cyrela não quis fazer comentários.

As empresas do setor imobiliário brasileiro levantaram R$ 30,3 bilhões com a venda de ações desde 2005, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. Elas aproveitam a expansão no setor residencial, embalada por cortes de impostos e subsídios do governo. As construtoras brasileiras tradicionalmente contaram com a venda de ações e com o mercado local de dívida para levantar recursos, disse Marcos Schmidt, analista da Moody’s Investors Service, numa entrevista por telefone de São Paulo.

Emitir títulos em dólar é mais barato do que em reais. A Cyrela hoje paga taxas acima de 11 por cento nos bônus locais com vencimento em 2018. Os títulos do governo brasileiro em reais com vencimento em 2021 rendem 950 pontos-base, ou 9,5 pontos percentuais, a mais do que os títulos do Tesouro americano de prazo similar.

“O custo de financiamento em reais ainda é relativamente elevado”, disse Juan Cruz, um analista de dívida corporativa do Barclays Plc em Nova York, numa entrevista por telefone. “Quando se olha para o mercado internacional, os juros seguem se estreitando porque existe uma demanda muito grande por ativos de renda fixa.”

Esses juros vão continuar caindo à medida que as autoridades nos EUA tentam estimular a economia por meio da compra de títulos, uma medida conhecida como afrouxamento quantitativo, disse Cruz.

Acompanhe tudo sobre:Construção civilCyrelaEmpresasEmpresas abertasIndústriaIndústrias em geralInvestimentos de empresas

Mais de Mercados

B3: estrangeiros retiram na Super Quarta metade do valor sacado no mês

Iene em alta e dólar em queda: por que a desvalorização da moeda americana deve se acelerar

Do campo à Faria Lima, dívida da Agrogalaxy passa de R$ 4,5 bilhões

"Emergentes podem voltar a ser os queridinhos do mercado", diz Luiz Fernando Araujo, da Finacap