No total, a CVM já abriu oito processos envolvendo a JBS (Paulo Fridman/Bloomberg)
Estadão Conteúdo
Publicado em 31 de maio de 2017 às 11h11.
Última atualização em 31 de maio de 2017 às 14h09.
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) informou em comunicado ao mercado ter aberto na terça-feira, 30, dois inquéritos administrativos relacionados à JBS com o objetivo de aprofundar investigações já iniciadas em processos administrativos.
Desde o último dia 18, o órgão regulador do mercado de capitais já instaurou oito processos administrativos envolvendo a companhia. As movimentações ocorrem após notícias envolvendo a delação de acionistas controladores da JBS.
Um dos inquéritos administrativos está relacionado à atuação da companhia no mercado de dólar futuro. As investigações sobre esse tema foram iniciadas no âmbito do processo administrativo 19957.004545/2017-71, aberto no último dia 19. A CVM não deu detalhes sobre o aprofundamento das investigações.
O segundo inquérito administrativo busca ampliar as apurações iniciadas no processo administrativo 19957.004548/2017-12, que teve início também no dia 19. A xerife do mercado de capitais quer analisar negociações do acionista controlador da JBS S.A., a FB Participações S.A., com ações da companhia.
O primeiro processo administrativo foi aberto em 18 de maio, um dia após notícias envolvendo a delação de acionistas controladores da companhia. O empresário Joesley Batista, administrador e acionista controlador da JBS, citou o presidente Michel Temer na sua delação, dando início a uma crise política no seu governo. Nesse caso, a CVM busca esclarecimentos adicionais relativos às notícias e especulações envolvendo as delações. O processo está em análise na Superintendência de Relações com Empresas (SEP), na Gerência de Acompanhamento de Empresas 2 (GEA-2).
Outro processo foi iniciado em 19 de maio para analisar reclamação de investidor envolvendo eventuais compras de dólares pela JBS antes das notícias relacionadas com as delações dos acionistas controladores da companhia. O caso está na Superintendência de Proteção e Orientação aos Investidores (SOI) GOI-1.
O terceiro caso também teve início no dia 19 e trata da comunicação de indícios de eventual prática do crime de insider trading ao Ministério Público Federal, detectados em operações realizadas no mercado de dólar futuro e em negócios com ações de emissão da JBS S.A. realizados no mercado à vista. De acordo com a CVM, foi feita comunicação de indícios de crime de uso indevido de informação privilegiada ao Ministério Público Federal por meio de ofício no mesmo dia.
Um quarto processo foi aberto também no dia 19 para analisar a atuação do Banco Original S.A., controlada pela J&F Participações Ltda., no mercado de derivativos.
Já no dia 22, a CVM deu início a outro processo para analisar notícia sobre eventual influência no Conselho de Administração da BRF. No dia seguinte, foi aberta outra investigação com objetivo de analisar a veracidade da divulgação dos controladores diretos e indiretos da Blessed Holdings, sociedade estrangeira sediada em Delaware (EUA) que faz parte do grupo de controle da JBS, a partir de notícias veiculadas na mídia.
Também no dia 23, outro processo começou a analisar a conduta de administradores e acionistas controladores da JBS S.A. à luz dos deveres fiduciários previstos na Lei das S.A.. Isso em razão dos fatos que ensejaram a celebração de acordo de colaboração premiada entre executivos da companhia e da sua controladora e o Ministério Público Federal.
O oitavo processo foi aberto em 26 de maio para questionar a veracidade de notícia divulgada a respeito do uso de aeronave da companhia por Joesley Batista.