Vitrine de loja da CVC: reabertura de shoppings favorece a venda de pacotes, junto com o avanço da vacinação (Roberto Tamer/CVC/Divulgação)
Da Redação
Publicado em 14 de maio de 2021 às 06h22.
O chamado "trade da reabertura" tomou corpo nas carteiras de recomendações de bancos e casas de análise para a bolsa brasileira. São as ações que estão descontadas ou que possuem maior potencial de valorização na medida em que a atividade econômica se normalize e as pessoas retomem seus hábitos anteriores à pandemia do novo coronavírus.
Uma das ações favoritas nesse cenário -- é o caso dos analistas do JPMorgan, por exemplo -- é a da CVC (CVCB3), a maior operadora de turismo do país. Ela divulga os resultados do primeiro trimestre nesta sexta-feira, 14 de maio, depois do fechamento do mercado.
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Os resultados vão revelar o estágio de retomada das viagens -- especialmente domésticas e qual o perfil predominante -- neste segundo ano de pandemia e os impactos das medidas de reestruturação da operação. Neste caso, as atenções de analistas e investidores estarão voltadas para os efeitos da digitalização dos negócios e dos canais de venda.
As ações da CVC, é preciso dizer, já anteciparam o trade da reabertura. Desde o dia 9 de março, quando atingiu seu piso no ano, os papéis acumulam valorização de cerca de 60%, passando de 14,87 reais para 23,69 reais no fechamento da quinta, 13.
Mas ainda há espaço e fundamentos para ganhos adicionais. Na visão de analistas do JPMorgan, em relatório distribuído a clientes há uma semana, o preço-alvo para o papel no fim de 2021 foi revisado de 19,00 reais para 29,00 reais. Isso significa que, ao fechamento da quinta, o upside (potencial de alta) é de 22,4%. O banco alterou a recomendação de "neutral" para "overweight", o que significa uma indicação de compra.
"[A ação] é um dos melhores veículos para o trade da reabertura uma vez que medidas de distanciamento social e proibição de viagens são retiradas, enquanto a implementação de um novo plano estratégico deve se traduzir em uma história bottom-up atraente, particularmente com uma nova estratégia digital", aponta o relatório do JPMorgan.
Além disso, a equipe de analistas do banco de investimento aponta um fator adicional que pode pesar ainda mais favoravelmente ao preço das ações: os ganhos de eficiência operacional decorrentes das mudanças promovidas depois da descoberta de erros contábeis e suspeitas de manipulação de balanços há pouco mais de um ano.
A CVC republicou balanços e fortaleceu mecanismos de governança. Além disso, adotou medidas como maior digitalização dos negócios, fortalecimento da área de CRM e de inteligência em pricing e adoção de novas medidas de crescimento.
"Nas nossas estimativas, não assumimos ganhos de lucratividade [...] dada a visibilidade ainda limitada na implementação dessas iniciativas [...] Caso margens mais elevadas se mostrem factíveis, podemos reavaliar o rating novamente", aponta o banco no relatório.
Em entrevista à EXAME Invest no fim de abril, o presidente da CVC, Leonel Andrade, revelou a perspectiva com a qual trabalha para a retomada tanto do turismo doméstico como dos voos para destinos internacionais como Estados Unidos e Europa.
“O turismo de lazer será o primeiro a voltar. Em setembro e outubro, teremos uma retomada gigantesca. Todo mundo quer viajar. As vendas vão crescer muito rapidamente. No momento em que as pessoas tiverem a certeza de que podem viajar, será uma festa”, afirmou Andrade na ocasião. Ele assumiu o cargo há cerca de um ano.
O presidente da CVC disse ainda acreditar que as viagens para o exterior serão retomadas com maior intensidade em meados de 2022, com a proximidade do verão no Hemisfério Norte. É um cenário que deve se concretizar mesmo com o dólar mais caro em relação ao real, segundo ele, porque envolve um público consumidor com maior renda.