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Curva invertida: o que é e por que pode ser positivo para o mercado

Mercado de títulos americano tem dado sinais preocupantes para investidores globais, mas estudo sugere que curto prazo deve favorecer bolsas de valores

Operador preocupado na Bolsa de Nova York (Brendan McDermid/Reuters)

Operador preocupado na Bolsa de Nova York (Brendan McDermid/Reuters)

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Bloomberg

Publicado em 30 de março de 2022 às 09h49.

Liz McCormick, da Bloomberg

O mercado de títulos do Tesouro americano vem dando avisos preocupantes sobre a economia, mas a história mostra que ações e títulos tendem a apresentar ótimo desempenho no intervalo entre a inversão da curva de juros e as recessões nos EUA.

Esta é a conclusão de um estudo da Piper Sandler que usou dados desde meados da década de 1970 sobre inversões na curva dos títulos do Tesouro — que acontecem quando o rendimento das notas de curto prazo supera o rendimento dos papéis de prazo mais longo. Na segunda-feira, o rendimento do título com vencimento em cinco anos suplantou a taxa dos títulos de 30 anos pela primeira vez desde 2006. No início deste mês, outros segmentos da curva já haviam invertido.

A maior inflação em quatro décadas nos EUA pressiona o banco central (Federal Reserve) a agir de forma rápida e agressiva. As autoridades precisam dar um choque ao estilo Volcker para frear o aumento dos preços sem causar uma recessão, alertou o estrategista Zoltan Pozsar, do Credit Suisse, em uma referência à maneira como o então presidente do Fed, Paul Volcker, derrubou a inflação na década de 1980 com grandes aumentos na taxa básica de juros.

O mercado de títulos está a caminho da pior perda trimestral até hoje, reagindo ao início do aperto da política monetária pelo Fed este mês e à sinalização de potenciais aumentos mais agressivos nos juros. A instituição anunciará o começo da redução de seu balanço patrimonial talvez já na reunião de maio.

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O mercado acionário se saiu relativamente bem, mesmo com temores de que uma desaceleração econômica e juros maiores atrapalhem os lucros das empresas.

“O mercado de ações amplo se valoriza entre as inversões e a chegada da recessão subsequente”, escreveu Roberto Perli, responsável por política governamental global na Piper Sandler, em relatório assinado junto com colegas e divulgado nesta terça-feira. “Com exceção da época de Volcker, os ativos de renda fixa sempre se valorizaram, com títulos atrelados a hipotecas, títulos de companhias com grau de investimento e títulos municipais entregando o melhor desempenho”.

Mas Perli alerta que o nível atual de inflação que o Fed enfrenta pode tornar o período que antecede a próxima recessão mais difícil para os investidores de renda fixa.

O índice Bloomberg de títulos do Tesouro dos EUA acumula queda de 6,2% no ano, no que seria sua maior perda trimestral desde pelo menos 1973.

A situação não é tão ruim para as ações. O S&P 500 recuou 3,5% este ano, mas subiu cerca de 10% em relação à menor pontuação de fechamento de 2022, atingida em 8 de março.

Apesar da expectativa de volatilidade nas bolsas dos EUA com o andamento dos planos de normalização do Fed, a história indica que isso não significa que o período de alta das ações terminou, embora o mercado tenha registrado ganhos de dois dígitos nos últimos três anos.

“A mensagem é clara e a mesma para o investidor de ações e para o de renda fixa: não fique tão pessimista quando a curva de juros (ou parte dela) se inverte — essa postura provavelmente fará você deixar de ganhar dinheiro”, escreveu Perli.

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