Petróleo: Brent cai a US$ 67 e WTI a US$ 63 em meio a preocupações com a demanda (makhnach/Freepik)
Redação Exame
Publicado em 30 de setembro de 2025 às 06h00.
As cotações do petróleo no mercado internacional, que operam na faixa de US$ 60 a US$ 70 por barril, sofreram novo baque com a retomada de exportações que estavam paradas há mais de dois anos. Trata-se de matéria-prima oriunda de um oleoduto na região semi-autônoma do Curdistão, no norte do Iraque, que leva a commodity até o porto de Ceyhan, Turquia.
O petróleo curdo não jorrava desde setembro de 2023. A suspensão dos envios, que somavam 450 mil barris por dia, está ligada a tentativas dos curdos em tornar o território independente do Iraque. Em 2014, Bagdá fechou o oleoduto alegando que a Turquia havia violado um acordo ao negociar petróleo com o Governo Regional do Curdistão (KRG).
O governo iraquiano considerava ilegais as exportações do KRG pelo porto de Ceyhan. A Câmara Internacional de Comércio decidiu a favor do Iraque, e a Turquia respeitou a decisão da arbitragem, o que interrompeu a atividade do oleoduto. Não só isso: teve de pagar US$ 1,5 bilhão aos iraquianos para compensar exportações não autorizadas.
O Iraque exportava até 230 mil barris de petróleo bruto por dia, antes da suspensão do fornecimento. Esse é o volume que volta a ser escoado ao mercado internacional. O oleoduto voltou a funcionar depois de um acordo entre o governo do Iraque e o governo regional curdo, um entendimento inédito até então.
É a estatal iraquiana que vai ficar responsável por exportar o petróleo dos campos curdos até a Turquia. Ao todo, oito petrolíferas operam no Curdistão iraquiano e se juntaram ao acordo.
O subsecretário do Ministério do Petróleo do Iraque, Bassem Mohamed, disse à Reuters que a retomada dos fluxos de petróleo curdo ajudará a aumentar as exportações do país para quase 3,6 milhões de barris diários de petróleo nos próximos dias.
A volta do petróleo curdo ao mercado global ocorre no momento em que a OPEP+ está aumentando a produção para ganhar participação de mercado.
Desde abril, a Organização dos Países Exportadores de Petroléo e aliados já ampliou suas cotas de produção em mais de 2,5 milhões de barris diários, cerca de 2,4% da demanda global, e a expectativa é que o cartel aprove um novo aumento, de 137 mil barris diários, na reunião do próximo dia 5 de outubro, apurou a Reuters.
O mercado já vê o petróleo a US$ 50 em 2026. Não é para tanto, diz este analistaUm acordo de paz em Gaza, ainda que desejado por todo o mundo, é outro fator que pressiona os preços do petróleo para baixo. A guerra traz restrições às exportações oriundas do Oriente Médio e uma vez chegando ao fim, libera também o fluxo da commodity em um mercado global já saturado.
O presidente dos EUA, Donald Trump, apresentou um plano para encerrar a guerra na faixa de Gaza, após conversa por telefone com os líderes de Israel e do Catar.
Segundo a Bloomberg, a proposta, que prevê que o Hamas não tenha nenhum papel no futuro de Gaza, precisa ser aceita pelo grupo fundamentalista, que teria de concordar com concessões substanciais.
Trump alertou que, “se o Hamas rejeitar o acordo”, o premiê israelense Benjamin Netanyahu terá "total apoio” dos Estados Unidos para atacar oP grupo.