Logo do Santander na Espanha (Marcelo del Pozo/Reprodução)
Paula Barra
Publicado em 1 de dezembro de 2020 às 10h45.
Última atualização em 2 de dezembro de 2020 às 10h21.
Depois da cautela de ontem, o mês começou positivo para os mercados acionários. O Ibovespa subiu mais de 2% nesta terça-feira, 01, após o presidente Jair Bolsonaro afirmar hoje que governo não pretende prorrogar auxílio emergencial. Além disso, indicadores industriais acima das expectativas e perspectiva de início mais rápido de imunização contra o covid-19 também contribuem para o bom humor dos investidores. Entre as maiores altas, destaque para os papéis dos grandes bancos, educacionais, concessão de rodovias e shoppings.
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Yduqs (YDUQ3) liderou a alta do índice, com ganhos de 7,90%, seguida por Ecorodovias (ECOR3) e Santander (SANB11). Do outro lado, Totvs (TOTS3), Via Varejo (VVAR3) e (Raia Drogasil (RADL3) puxam as perdas, com quedas acima de 3%.
Segundo Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, os bancos voltaram a subir com a questão das vacinas mais próximas. "Austrália, Japão, Canadá, várias partes da Europa, já estão caminhando para a autorização final. Agora o investidor pode voltar a planejar seus investimentos para o longo prazo, com esse fator de grande de incerteza ficando para trás. Isso contribui para uma rotação setorial importante, favorecendo bancos, setor imobiliário e shoppings", comenta. No setor de shoppings, Multiplan (MULT3) subiu 6,04%, enquanto Iguatemi (IGTA3) avançou 5,28%.
Confira abaixo os principais destaques de ações desta sessão:
Com o maior apetite ao risco dos investidores, os papéis dos grandes bancos apareceram entre as maiores altas do pregão. Santander (SANB11) avançou 7,15%, enquanto Bradesco PN (BBDC4) registrou alta de 5,60%. Itaú (ITUB4) teve ganhos de 4,24% e Banco do Brasil (BBAS3), de 2,75%.
Para o analista Pedro Galdi, da Mirae Asset, os investidores seguem migração de ações que subiram muito para as tradicionais, que foram mais afetadas pelo covid, o que explica essa alta expressiva hoje.
No radar do setor ainda, o Itaú começou a vender sua participação na XP Investimentos. Ontem, a XP anunciou que fará uma oferta pública que pode movimentar até 1,3 bilhão de dólares, incluindo o lote adicional. A oferta consiste em 27,5 ações ordinárias classe A da XP, sendo que 7,1 milhões serão oferecidas pela própria companhia e 20,4 milhões pelo Itaú, através da ITB Holding Brasil Participações Ltda. Um lote adicional de até 4,1 milhões de papéis, a ser oferecido por Itaú e XP, também faz parte da operação.
Os analistas da Exame Research comentam que grande parte da oferta envolve a venda de ações detidas pelo Itaú e, assim, os recursos não vão para o caixa da XP — o banco já tinha sinalizado que pretendia vender cerca de 5% de sua participação. "Ainda assim, a oferta tende a ser bem recebida pelo mercado: o Itaú conseguirá realizar um lucro relevante com o investimento e a XP aproveitará para também emitir ações novas, reforçando sua estrutura financeira; a operação também mostra uma disposição de ambas as partes para encerrar rapidamente as turbulências vistas desde o começo do ano", comentam.
Listadas na bolsa americana Nasdaq, as ações da XP recuaram 1,37% na sessão de hoje.
Entre as maiores altas do Ibovespa, as ações da Ecorodovias (ECOR3) disparam 7,23%. O BB Investimentos incluiu os papéis da companhia em sua carteira recomendada para dezembro, apontando alguns gatilhos para o ativo, como a possibilidade do reconhecimento, pela Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp) de um reequilíbrio na concessão Ecovias dos Imigrantes, além da retomada dos leilões de rodovias dos programas de concessões do governo federal (PPI) e dos governos estaduais, que podem beneficiar os papéis.
Também no noticiário, a companhia divulgou números prévios da evolução do tráfego entre 16 de março e 29 de novembro deste ano, com queda de 8,5% na comparação anual. Desconsiderando as concessões Eco135 (MG) e Eco050 (MG-GO), uma vez que não estavam sob concessão da companhia durante todo o período comparável compreendido, a queda do tráfego total comparável foi de 11,8%.
Por outro lado, com o movimento de rotação de carteiras dos investidores, as vendedoras da pandemia, como as empresas de e-commerce, voltaram a cair. Os papéis de Via Varejo (VVAR3) registraram queda mais de 3%, na segunda maior queda do Ibovespa, enquanto Magazine Luiza (MGLU3) recuou 2,14%. No mesmo setor, B2W (BTOW3), que caiu mais de 8% ontem, liderando as perdas do índice na segunda-feira, desvalorizou 0,91%.
Depois da pausa ontem, as ações da Vale (VALE3) voltam a subir forte hoje, e fecharam em alta de mais de 4%, embaladas por projeções otimistas do mercado para os preços de commodities, apesar do dia de ligeira realização de lucros para o minério de ferro. Essa é a 11º alta das ações da mineradora nas últimos 13 sessões. Em novembro, acumularam valorização de 28,8%. A commodity cotada no porto de Qindgao, na China, recuou 0,18% nesta terça-feira, indo para 131,39 dólares a tonelada.
As ações da Suzano (SUZB3) subiram 1,70% e registraram a quinta alta consecutiva. Os papéis da companhia foram incluídos na lista de ações recomendada pelo BTG Pactual, em substituição à Energisa (ENGI11), que recuou 0,24% hoje. Para analistas do banco, as ações da Suzano devem se beneficiar de um ambiente favorável para os preços das commodities, em meio ao aumento da demanda global e sem adições relevantes de capacidade no próximo ano.
A lista do BTG no Brasil ainda inclui as ações de Vale, Petrobras, Magazine Luiza, B3, Gerdau, Tim, CCR, Oi e Cyrela.
As ações da CSN (CSNA3) subiram 1,91% em meio à notícia de que a companhia vai aumentar a partir de hoje os preços de aços planos e longos em até 12%, conforme informou o diretor executivo comercial da empresa, Luiz Fernando Martinez, ao Valor. No setor, Usiminas (USIM5) também avança mais de 3%, enquanto Gerdau (GGBR4) registra alta de 1,5%.
Segundo analistas da Exame Research, a notícia é positiva para a CSN e para o setor de siderurgia, uma vez que Gerdau (GGBR4) e Usiminas (USIM5) tendem a acompanhar o movimento. No entanto, considerando os ganhos expressivos das ações dessas empresas nas últimas semanas, eles comentam que notícia tende a não fazer tanto preço no mercado no curto prazo.
A Embraer (EMBR3) informou ontem ter sofrido um ataque cibernético aos sistemas de tecnologia da informação da empresa. Segundo o comunicado enviado ao mercado, a fabricante de aeronaves disse que o ataque resultou na "divulgação de dados supostamente atribuídos à companhia". Nesta sessão, os papéis avançaram 1,31% no embalo do otimismo do mercado sobre progressos de vacinas.
Em relação à notícia, os analistas da Exame Research comentam que esse é mais um fator de pressão para a companhia, que já tem enfrentado um cenário bastante difícil por causa da pandemia e do rompimento do acordo de venda da divisão comercial para a Boeing. "Por mais que a extensão do ataque não tenha sido revelada, a percepção de vulnerabilidade
nos sistemas da companhia tende a ser mal recebida pelo mercado", comentam.
A B3 divulgou hoje a primeira prévia da carteira teórica do Ibovespa para o período entre janeiro e abril de 2021. Copel (CPLE6), Eneva (ENEV3), JHSF (JHSF3) e Unidas (LCAM3) foram incluídas e nenhuma ação foi excluída. Com isso, o índice passaria a ser composto por 81 ações, frente às 77 atuais. A segunda e terceira prévia da carteira estão previstas para os dias 16 e 19 de dezembro, com a carteira passando a ser válida a partir do primeiro pregão do ano que vem, em 4 de janeiro.
No pregão de hoje, as ações da Unidas caíram 2,61%, enquanto Copel, Eneva e JHSF subiram 2,45%, 1,58% e 1,50%, respectivamente.