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CRMBonus: A empresa que surgiu com R$ 30 mil e, sete anos depois, pode chegar a valer R$ 10 bilhões

Empresa inovou o conceito de "cupom de desconto" e acabou atraindo o iFood, parceiro que pode vir a se tornar dono do negócio

O contrato com a Ifood inclui a previsão de aquisição de 100% da CRMBonus em até três anos, por impressionantes R$ 10 bilhões, condicionados a gatilhos de resultado da startup. (Leandro Fonseca/Exame)

O contrato com a Ifood inclui a previsão de aquisição de 100% da CRMBonus em até três anos, por impressionantes R$ 10 bilhões, condicionados a gatilhos de resultado da startup. (Leandro Fonseca/Exame)

Juliana Alves
Juliana Alves

Repórter de mercados

Publicado em 29 de julho de 2025 às 13h28.

Última atualização em 29 de julho de 2025 às 13h32.

A entrada do iFood no capital da CRMBonus eleva a outro patamar uma empresa que começou com disparos de descontos digitais por SMS. Criada no final de 2017, com um investimento inicial de R$ 30 mil, a CRMBônus nasceu com um propósito simples: fidelizar clientes de forma mais eficiente. Alexandre Zolko, filho dos fundadores da marca de moda feminina TVZ e empreendedor de sete startups, incluindo a MyShoes (vendida para a Arezzo), identificou a necessidade de uma solução mais moderna para substituir os tradicionais cupons de desconto usados por suas empresas.

Foi aí que ele criou a plataforma que usava "torpedos" para oferecer descontos e cashback. Desde aquela época, a CRMBonus já utilizava dados e inteligência artificial (IA) para personalizar ofertas e monetizar a base de clientes.

Em apenas dez dias após o lançamento do aplicativo da CRMBonus, a plataforma já tinha 300 mil downloads, com mais de 25% dos usuários ativos. A proposta rapidamente atraiu grandes varejistas como Carrefour, Vivara, Vivo e Azul, consolidando a empresa como uma das líderes no setor de fidelização.

De repente, um unicórnio

Não demorou para a CRMBonus chamar a atenção dos investidores. Em 2021, o Softbank liderou um aporte de R$ 280 milhões, avaliando a startup em R$ 1 bilhão. Em 2022, a startup deu um passo decisivo, ao lançar sua plataforma dedicada à aquisição de clientes, a Vale Bônus. Para anunciar a novidade, utilizou um dos espaços mais caros da televisão brasileira, o programa "Domingão do Huck", na TV Globo.

A ação promocional incluía a disponibilização de um QR Code no programa, oferecendo R$ 500 em bônus para os consumidores usarem em uma rede de marcas parceiras. Com esse saldo, o usuário podia “comprar” descontos em uma variedade de lojas, que incluíam desde varejistas de roupas e jóias até cosméticos e viagens. Ao final do saldo, o cliente poderia indicar o Vale Bônus para o RH das empresas onde trabalha.

Em 2023, a empresa foi às compras e fez duas aquisições estratégicas: a da ChefsClub, uma plataforma com 3.000 restaurantes, e a da Zipper, uma empresa especializada em social selling para o varejo, que permite aos lojistas otimizar suas vendas via WhatsApp. As transações expandiram significativamente o portfólio da CRMBonus e reforçaram a posição da empresa mercado de fidelização e vendas.

Investidores dobraram a aposta

A expansão continuou no ano seguinte, quando a CRMBonus completou uma rodada de captação série B no valor de R$ 400 milhões, aumentando seu valuation para R$ 2,2 bilhões, mais do que o dobro da avaliação obtida na série A de 2021.

Em janeiro deste ano, a CRMBonus trouxe Paulo Loeb, ex-CEO da agência de publicidade digital F.Biz, para o cargo de COO (Chief Operating Officer). Ele chegou para ser o "CEO da porta para dentro", disse Zolko à época, focando nas operações internas e no crescimento sustentável da empresa.

A parceria com o iFood também começou em 2025. O app de entrega de comida passou a oferecer o Vale Bônus aos seus assinantes, com descontos, produtos e serviços. A operação gerou sinergias, especialmente com iFood Pago, a plataforma de cashback do iFood, que permite aos clientes obter descontos e benefícios ao consumirem novamente no restaurante. Uma aquisição, portanto, parecia um caminho natural.

Segundo fontes ouvidas pela EXAME, o contrato com o iFood inclui a previsão de aquisição de 100% da CRMBonus em até três anos por R$ 10 bilhões. A transação está condicionada aos resultados da startup.

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