Trump x Powell: presidente americano intensifica ataques ao chefe do Federal Reserve (Getty Images)
Estagiária de jornalismo
Publicado em 6 de agosto de 2025 às 11h45.
A tensão no Federal Reserve (Fed) dos Estados Unidos, banco central americano, se intensificou com os ataques públicos de Donald Trump contra o atual presidente do banco central, Jerome Powell.
A relação entre os dois está prestes a ganhar um novo capítulo: Trump citou recentemente, em uma entrevista à CNBC americana, uma lista de candidatos para substituir Powell à frente do Fed, um movimento que reflete profundas divergências ideológicas.
O mandato de Jerome Powell no Fed vai até maio de 2026, mas a disputa já está em pleno andamento. Trump, desde seu retorno à Casa Branca em 2025, tem sido um crítico ferrenho de Powell, acusando-o de manter as taxas de juros altas demais e de prejudicar a recuperação econômica.
O atual ciclo de juros entre 4,25% e 4,50% ao ano, adotado pelo Fed para conter a inflação, entra em conflito com o desejo de Trump por cortes de juros como medida de estímulo ao crescimento econômico.
Trump e Jerome Powell: presidente americano intensifica ataques ao chefe do Federal Reserve (Drew Angerer/Getty Images)
A crise se agravou recentemente com a renúncia de Adriana Kugler, diretora do Fed, o que abriu uma vaga na diretoria do banco central.
Trump já se movimenta para preencher essa posição estratégica, pois o novo diretor poderá ser indicado para completar o mandato até janeiro de 2026, com chances de uma nomeação para um mandato completo de 14 anos — o que pode incluir a presidência do Fed após a saída de Powell.
Entre os nomes mencionados por Trump estão Kevin Warsh, ex-diretor do Fed, e Kevin Hassett, atual diretor do Conselho Econômico Nacional dos EUA. Além desses, outros nomes estão sendo cotados, incluindo o atual diretor do Fed, Christopher Waller, que também está sendo considerado como possível sucessor.
Apesar de inicialmente destacar Scott Bessent, secretário do Tesouro, como seu favorito para o posto de presidente do Fed, Trump optou por retirar Bessent da disputa, considerando a mudança como uma "surpresa agradável" que abriu espaço para outras opções. Isso permite que o presidente americano molde o banco central de acordo com suas visões econômicas, alinhando-o à sua abordagem para o crescimento.
Dentre as opções em análise, destaca-se:
Ele criticou o Fed por uma interpretação conservadora dos dados econômicos e defendeu uma “mudança de regime” na política monetária, questionando as rápidas mudanças nas taxas de juros nos últimos anos.
Embora seja reconhecido como um "falcão", isto é, alguém apoiando juros altos para controlar a inflação, sua indicação poderia fortalecer o dólar e comprometer-se com a estabilidade de preços.
Contudo, sua associação direta com a administração levanta preocupações sobre a independência do Fed, um princípio fundamental para a revisão da instituição. Hassett defende maior transparência em relação aos dados econômicos e procura se posicionar mais como economista do que político, tentando evitar controvérsias.
Isso gerou dúvidas sobre seu posicionamento real, se mais expansionista ou se busca simplesmente agradar a Casa Branca. Waller é visto como uma opção moderada, capaz de equilibrar os interesses do governo com a estabilidade econômica, ainda que sua independência seja questionada.
Outros nomes incluídos incluem Michelle Bowman, vice-presidente de supervisão do Fed, que defende uma redução gradual nas taxas para proteger a economia e o mercado de trabalho, e Judy Shelton, economista próxima a Trump que defende cortes expressivos nas taxas e uma meta de inflação próxima de zero, embora sua visão seja controversa pela possível interferência na independência do banco central.
A situação é ainda mais delicada devido às críticas públicas que Trump tem feito contra Powell, chamando-o de “atrasado” e questionando sua competência.
Ele até sugeriu a possibilidade de demissão de Powell — uma medida rara e polêmica, dado o compromisso do Fed com a independência política e a estabilidade financeira.