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Crise na Itália atinge mercados e Europa elogia Monti

O anúncio de Monti no fim de semana de que ele deixaria o cargo mais cedo elevou os custos de empréstimos da Itália e provocou uma onda de vendas no mercado de ações


	O primeiro-ministro italiano, Mario Monti: a profundidade da crise foi evidenciada nesta segunda-feira, com dados que mostram o PIB encolhendo 2,4 por cento
 (Marwan Naamani/AFP)

O primeiro-ministro italiano, Mario Monti: a profundidade da crise foi evidenciada nesta segunda-feira, com dados que mostram o PIB encolhendo 2,4 por cento (Marwan Naamani/AFP)

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Da Redação

Publicado em 10 de dezembro de 2012 às 14h56.

Roma - Parceiros europeus elogiaram o primeiro-ministro italiano, Mario Monti, nesta segunda-feira, e pediram ao próximo governo para manter a agenda de reformas depois de sua surpreendente decisão de renunciar ter sacudido os mercados financeiros.

O anúncio de Monti no fim de semana de que ele deixaria o cargo mais cedo -- feito após o partido PDL, do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, ter retirado o apoio ao seu governo tecnocrata - elevou os custos de empréstimos da Itália e provocou uma onda de vendas no mercado de ações.

A campanha para a eleição prevista para fevereiro deve ser disputada em torno da agenda de reforma de Monti, que Berlusconi disse ter condenado a Itália à recessão e o obrigado a relutantemente concorrer a um quinto mandato como primeiro-ministro.

Por outro lado, autoridades europeias advertiram que as políticas de Monti devem continuar para evitar o retorno da crise que o levou ao poder há um ano e evitar um colapso ao estilo da Grécia.

"Monti foi um grande primeiro-ministro da Itália e espero que as políticas postas em prática por ele continuem depois das eleições", disse o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, em Oslo, onde ele fazia parte de uma delegação da União Europeia para receber o Prêmio Nobel da Paz.

Os comentários ecoaram observações semelhantes nos últimos dois dias de políticos europeus, que vão desde o chanceler francês, Laurent Fabius, ao chefe do fundo de resgate europeu, Klaus Regling, e o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso.

Depois de várias semanas de calmaria, os mercados se agitaram com a perspectiva de retorno de Berlusconi para liderar a centro-direita, pouco mais de um ano depois de uma crise financeira levar o bilionário marcado por escândalos a ser substituído no cargo pelo tecnocrata Monti.


Pesquisas de opinião sugerem que Berlusconi tem pouca chance de reeleição. O Partido Democrático (PD) de centro-esquerda, sob comando de Pier Luigi Bersani, detém uma forte liderança e provavelmente deve formar o próximo governo em uma plataforma amplamente pró-europeia, em consonância com a agenda de Monti.

A principal medida da confiança dos investidores, o spread entre os títulos do governo italiano de 10 anos e seus equivalentes alemães de menor risco, subiu em relação à sexta-feira, refletindo preocupações sobre um retorno à incerteza política que assolou a Itália no ano passado.

O principal índice de ações da bolsa de Milão chegou a cair mais de 3 por cento, com quedas acentuadas em ações de bancos, que são vistas como as mais vulneráveis ema uma crise da dívida renovada.

Futuro de Monti

Muita atenção tem se concentrado agora na dúvida sobre se Monti vai entrar na política, seja como candidato ou endossando uma das forças centristas que apoiaram suas reformas e tornaram mais ou menos explícitos os apelos para que ele concorra.

O jornal La Repubblica citou o ex-comissário europeu de 69 anos dizendo que ainda não tinha se decidido, mas estava preocupado com a situação. "Eu não sei", ele foi citado como dizendo. "Se eu tivesse que... descrever meus sentimentos hoje, gostaria de dizer que estou muito preocupado." A decisão de Monti de renunciar assim que o orçamento de 2013 for aprovado, provavelmente antes do Natal, antecipou para fevereiro uma eleição que era esperado para março ou no máximo abril.

Quem ganhar terá que enfrentar uma severa recessão, desemprego recorde e uma dívida pública crescente que deverá ultrapassar 126 por cento do Produto Interno Bruto este ano.

A profundidade da crise foi evidenciada nesta segunda-feira, com dados que mostram o PIB encolhendo 2,4 por cento no terceiro trimestre e a produção industrial caindo 1,1 por cento em outubro.

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