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Da Redação
Publicado em 13 de outubro de 2010 às 20h36.
O fôlego de início de ano na Bolsa não chegou até as ações do setor bancário. Enquanto o Ibovespa registra 4,8% de valorização no ano, os papéis de instituições financeiras acumulam queda de até 8,4% no período (veja abaixo). O fraco desempenho, no entanto, não alterou as recomendações dos analistas, que mantêm os papéis de grandes instituições, como Bradesco e Itaú, em suas carteiras sugeridas. As dúvidas em relação ao setor, porém, foram alimentadas na última sexta-feira (16/1) pelo anúncio de reestruturação do Citigroup e o socorro de 20 bilhões de dólares ao Bank of America.
O Citibank, que já foi o maior banco do mundo, hoje vale menos que Itaú e Bradesco. Nos últimos 15 meses, a instituição registrou 92 bilhões de dólares de perdas contábeis com empréstimos que provavelmente não serão pagos, fechando 2008 com 18,7 bilhões de dólares de prejuízo. Para tentar estancar a sangria, o banco dividiu-se em dois, levantando rumores sobre a possibilidade de venda dos ativos no Brasil. O Bradesco imediatamente foi apontado como o principal potencial comprador, já que a união entre Itaú e Unibanco lhe roubou a liderança entre os bancos privados no país. Para a corretora SLW, dificilmente o Itaú teria interesse no Citibank, já que "não haveria muita lógica o Itaú comprar o Citi por causa da Credicard". A administradora de cartões nasceu de uma parceria entre Citibank, Itaú e Unibanco, mas os dois sócios decidiram sair do negócio em 2004.
Em comunicado, o Citi negou a intenção de se desfazer dos negócios no Brasil. "A operação e a estrutura organizacional da franquia no Brasil não sofrerão nenhum impacto e continuarão sob liderança de Gustavo Marin", destacou. A companhia planeja unificar a financeira CitiFinancial à Credicard e manter todas as operações.
Já o Itaú pode acabar envolvido em outra transação. Com perdas acima do previsto na compra do banco Merrill Lynch, o Bank of America pode colocar à venda a participação de 7,36% que detém no Itaú. Para isso, terá apenas de aguadar o fim do período de lock up (no qual é proibida a venda das ações), que se encerra em setembro, e dar à instituição comandada pela família Setubal preferência na compra da fatia, que a valores de mercado gira em torno de 5 bilhões de reais. Como o Itaú está em processo de incorporação do Unibanco, na avaliação da SLW, "não seria interessante ter que despender recursos para esse fim". Novamente as atenções se voltam para o Bradesco.
Outra instituição, entretanto, estaria na mira do banco de Osasco. Na semana passada, as ações do BicBanco dispararam mais de 50% após circularem boatos de que a instituição estaria negociando sua venda ao Bradesco. Na quinta-feira, o BicBanco divulgou um comunicado ao mercado informado que "não existem negociações, propostas ou fatos quaisquer que configurem possíveis desdobramentos envolvendo a alienação da totalidade ou de parcela do capital do Banco por parte dos seus Controladores". A informação provocou queda de 5,83% nas ações no dia.
Crédito
Outro ponto que contribui para o desânimo dos investidores com o setor bancário é a queda no ritmo de expansão do crédito. Nos últimos anos, a taxa de crescimento vinha girando na casa dos 30% ao ano, mas para 2009, a previsão do Banco Central é de que caia pela metade, para algo em torno de 16%. Apesar da desaceleração, os analistas não apostam em queda na rentabilidade dos bancos e mantêm o setor entre os que devem ter melhor desempenho neste ano.
| O desempenho dos bancos na bolsa | ||
| Banco | Ação | Variação no ano |
| Unibanco | UBBR11 | -8,4 |
| Itaubanco | ITAU4 | -7,9 |
| Itausa | ITSA4 | -7,2 |
| Bradesco | BBDC4 | -6,1 |
| Banco do Brasil | BBAS3 | -1,9 |
| Nossa Caixa | BNCA3 | 1,7 |
| BicBanco | BICB4 | 42,7 |
| Ibovespa | 4,8 | |
| Bank of America** | -49,0 | |
| Citigroup** | -47,8 | |
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* Até 16/01/09 ** Na Bolsa de Nova York Fonte: Economática | ||