Ao longo dos últimos anos, emissões de companhias como Gafisa e Anhanguera Educacional também foram porta de saída para fundos de private equity (Germano Luders/EXAME)
Da Redação
Publicado em 17 de outubro de 2011 às 18h43.
Rio de Janeiro - A paralisação nos mercados de capitais diante do receio de uma nova recessão global tem dificultado a saída dos fundos de private equity das empresas nas quais investiram.
De julho a setembro, o volume financeiro de ofertas iniciais de ações (IPOs, na sigla em inglês) de empresas que têm entre os sócios fundos de private equity caiu pela metade na comparação com igual período de 2010, para 2,9 bilhões de dólares, de acordo com estudo da consultoria Ernst & Young.
O número de empresas apoiadas por private equity que foram à bolsa diminuiu a 21 no terceiro trimestre, contra 28 um ano antes. É a menor quantidade desde o segundo trimestre de 2009.
Historicamente o terceiro trimestre é um período mais fraco para ofertas de ações em virtude das férias no Hemisfério Norte --mas mesmo considerando isso o cenário agora é de aversão maior a IPOs do que em anos anteriores devido ao fraco desempenho das bolsas de valores e das perspectivas incertas sobre a economia, segundo a Ernst & Young.
A Nasdaq e a Bolsa de Valores de Nova York, nos Estados Unidos, continuam sendo o principal destino dos IPOs feitos por empresas com fundos de private equity. No terceiro trimestre, foram nove ofertas estimadas em 2 bilhões de dólares.
A Europa registrou apenas dois IPOs no período e a Ásia, dez.
Brasil
O levantamento da Ernst & Young considera ofertas de ações nos EUA, na Europa e na Ásia.
No Brasil, algumas empresas com apoio de private equity têm ido à Bovespa.
Em julho, a fabricante de relógios Tecnhos movimentou cerca de 460 milhões de reais em seu IPO. A maior parte foi na oferta secundária pela qual o GMT Fundo de Investimento em Participações reduziu sua fatia na empresa.
Na primeira metade de 2011, a Qualicorp, com participação do Carlyle, e a Brazil Pharma, que tem entre os acionistas fundos do BTG Pactual, fizeram IPO.
Ao longo dos últimos anos, emissões de companhias como Gafisa e Anhanguera Educacional também foram porta de saída para fundos de private equity.
"Em 1994, atuavam no Brasil apenas três fundos de private equity. Hoje são mais de 50. O crescimento brasileiro vai se mostrar melhor do que na Europa e nos EUA. Na média, os retornos aqui são maiores", disse o sócio de transações corporativas da Ernst & Young no país, Carlos Asciutti.
Para ele, mesmo quando o apetite de investidores voltar, não será tão intenso como em anos anteriores. "Nos próximos meses, o mercado vai ficar fechado também no Brasil", disse.
A demanda, segundo ele, virá por setores com maior possibilidade de crescimento e retornos como saúde, educação e tecnologia da informação.
Ofertas mais tímidas
O maior IPO de empresa com private equity no terceiro trimestre nas regiões pesquisadas pela Ernst & Young ocorreu em julho pela Dunkin Brands, com giro financeiro de perto de 500 milhões de dólares, na Nasdaq.
O montante médio das ofertas iniciais de ações envolvendo private equities foi de 136 milhões de dólares, ante 378 milhões de dólares no segundo trimestre.
Segundo a Ernst & Young, 14 companhias cujos fundos de private equity iriam fazer sua saída por meio de IPOs cancelaram ou adiaram suas ofertas --o segundo maior nível desde 2007, quando o número chegou a 18 empresas.