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Crise da Robinhood revela custos ocultos de modelo sem comissões

Caso GameStop mostra que a “democratização” das bolsas está longe de ser isenta de riscos

Episódio recente coloca questões preocupantes para a Robinhood e para o setor de corretagem (Bloomberg/Bloomberg)

Episódio recente coloca questões preocupantes para a Robinhood e para o setor de corretagem (Bloomberg/Bloomberg)

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Beatriz Quesada

Publicado em 4 de fevereiro de 2021 às 17h12.

(Bloomberg) No final das contas, apostar em ações sem taxas pode ter consequências muito caras.

Saem perdendo os operadores de varejo que acumulam grandes perdas com a especulação de ações impulsionadas por usuários da Internet, e a própria Robinhood, que enfrenta críticas por transformar em videogame a onda compradora que saiu de controle. A corretora foi, inclusive, obrigada a buscar bilhões em captações novo para conseguir manter suas operações.

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Porém, não são apenas os envolvidos que saem perdendo. Todo o mercado acionário é afetado. As bolsas agora enfrentam um acerto de contas com as fortes oscilações que têm pouca relação com os fundamentos.

Se os acontecimentos surreais da semana passada trazem alguma lição para os investidores, é esta: apesar de todos os benefícios, a “democratização” das bolsas, liderada pelo modelo sem comissões, está longe de ser isenta de riscos. As coisas podem rapidamente -- e de forma imprudente -- evoluírem para o domínio da manada.

Agora, quase todo mundo está familiarizado com a varejista de videogames GameStop e sua espetacular ascensão e queda. Mas, de muitas maneiras, este é apenas o exemplo mais proeminente do que pode acontecer quando negociações de curto prazo se tornam gratuitas e acessíveis a todos no lugar da visão tediosa e de longo prazo do investimento passivo.

“É quando o atrito diminui que você espera muito mais ação, mais negociação. Por isso, zerar comissões de negociação é importante”, disse Stephen Wendel, responsável por ciência comportamental da Morningstar.

Certamente, a corrida pela comissão zero foi pensada para igualar as condições que muitas vezes favoreciam os gigantes de Wall Street e investidores comuns a assumirem o controle de seu futuro financeiro. Ainda assim, o episódio recente coloca questões preocupantes não apenas para a Robinhood -- que foi pioneira da ideia de que qualquer pessoa, em qualquer lugar, poderia negociar ações e opções mais populares e voláteis de graça -- mas também para todo o setor de corretagem.

Outras gigantes digitais como Charles Schwab, E*Trade e Interactive Brokers, que seguiram a Robinhood ao eliminar comissões, enfrentaram problemas ou foram obrigadas a restringir algumas transações em meio ao colapso das negociações de varejo.

“Transformamos a aposta no mercado acionário mais barata do que apostar em esportes e jogos de azar em Las Vegas”, disse Larry Tabb, analista da Bloomberg Intelligence.

Agora, a Robinhood -- que até a semana passada registrava um ano excepcional à medida que millennials confinados se conectavam cada vez mais ao aplicativo da corretora -- está em uma encruzilhada. Teve que pedir emprestado ou levantar bilhões de dólares para reforçar seu capital. Reguladores e parlamentares planejam examinar as decisões da empresa. E legiões de usuários, sentindo-se traídos pela decisão emergencial da corretora de proibir a compra de ações populares e com fortes ganhos, prometeram deixar a plataforma enquanto esses mesmos papéis agora despencam.

A Robinhood não quis comentar.

Com a colaboração de Suzanne Woolley

Acompanhe tudo sobre:Bloombergrobinhood

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