Dólar renova máxima em 20 anos (halduns/Getty Images)
Guilherme Guilherme
Publicado em 26 de setembro de 2022 às 07h40.
Última atualização em 26 de setembro de 2022 às 08h55.
Investidores internacionais voltam a desmontar suas posições em bolsas do mundo inteiro, conforme crescem as apostas de juros cada vez mais altos nos Estados Unidos. Índices de Wall Street, que caíram por quatro pregões seguidos na última semana, sinalizam mais um dia de perdas, enquanto os juros futuros seguem em alta no país.
O rendimento dos títulos do Tesouro americano com vencimento em dois anos atingiu 4,3% nesta segunda-feira, renovando a máxima desde 2007. A alta reflete as expectativas para a política de juros do Federal Reserve (Fed), que segue como uma incógnita no mercado.
Para a próxima reunião, o consenso segue de mais uma alta de 0,75 ponto percentual, mas investidores ainda se dividem entre a taxa terminal. O cenário mais provável, pelas curvas de juros, é que o ciclo de alta encerre entre fevereiro e março do ano que vem, com o juro em torno de 4,5% e 5%.
Com os títulos do Tesouro americano, considerados os mais seguros do mundo, pagando mais, investidores seguem demosmontando suas posições em bolsa e comprando dólar.
O índice DXY, que mede a variação da moeda americana contra as divisas mais negociadas do mundo, bateu nova máxima desde 2002 ao superar a marca dos 114 pontos pela primeira vez em 20 anos.
Desempenho dos indicadores às 7h50 (de Brasília):
A libra sofre ainda mais, atingindo mínima histórica contra o dólar nesta segunda ao ser negociada abaixo de US$ 1,04. O movimento ocorre pressionado por temores fiscais após o anúncio de cortes de impostos para impulsionar o crescimento econômico.
O impacto nas contas do governo britânico em cinco anos será de £ 160 bilhões, sendo que os planos ainda envolvem um empréstimo adicional de £ 72 bilhões nos próximos 6 meses. Além dos efeitos fiscais, investidores temem o impacto na já elevada inflação britânica, que encerrou agosto em 9,9%.
O movimento do governo também vai em direção oposta a de seu banco central, o Bank of England, que aumentou sua taxa de juro na última semana para desacelerar a economia e, consequentemente, a inflação.
O euro também segue apanhando contra o dólar, negociado abaixo de US$ 0,97. Nesta segunda, investidores estarão atentos ao discurso de Christine Lagarde em testemunho no Parlamento Europeu. Mas para economistas do ING, mesmo um discurso ainda mais hawkish de Lagarde nesta segunda "improvável de oferecer qualquer suporte sustentável ao euro".
Apesar da tempestade no exterior, o mercado brasileiro tem se saido relativamente bem. Na contramão das principais bolsas internacionais, o Ibovespa conseguiu fechar a última semana em alta, impulsionado pelo fim da alta de juros, confirmada pelo Banco Central na quarta-feira, 21. Apesar do melhor momento, a bolsa local não conseguiu se safar do mau humor externo na sexta-feira, 26, e caiu mais de 2%.
Para esta segunda, economistas aguardam a divulgadação do boletim Focus. Na última edição, o mercado elevou o consenso para o PIB deste ano de 2,39% para 2,65% e reduziu a projeção para o IPCA de 6,40% para 6%.