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Crescimento do setor de IA pode resultar em acordo de US$ 100 bilhões, diz Barclays

Investimentos bilionários em data centers e infraestrutura de IA alimentam expectativa de operações gigantescas no setor

Barclays, em Londres: banco reforça equipe de fusões e aquisições de olho em setores estratégicos (Peter Dazeley/Getty Images)

Barclays, em Londres: banco reforça equipe de fusões e aquisições de olho em setores estratégicos (Peter Dazeley/Getty Images)

Publicado em 4 de setembro de 2025 às 08h26.

A disputa acirrada no setor de inteligência artificial (IA) aumenta a probabilidade de uma transação acima de US$ 100 bilhões até o próximo ano. Essa é a avaliação de Andrew Woeber, chefe global de fusões e aquisições do banco britânico Barclays.

“Não se surpreenda ao ver um negócio acima de US$ 100 bilhões dentro de um ano. Grandes plataformas vão fazer grandes apostas”, afirmou Woeber em entrevista à Bloomberg.

Um eventual acordo dessa proporção seria o maior em qualquer setor desde a compra da Time Warner pela AT&T, concluída em 2018 por cerca de US$ 110 bilhões, incluindo dívidas.

O contexto atual de investimentos do mercado de IA aponta nessa direção. Empresas como a xAI, de Elon Musk, e a Metainjetaram bilhões de dólares em data centers e infraestrutura para sustentar a expansão da IA. A estimativa do Morgan Stanley é que os investimentos no setor ultrapassem US$ 3 trilhões nos próximos três anos.

Onda de transações

A movimentação não se limita à IA. Para Woeber, executivos de diversos setores estão voltando a mirar operações estratégicas para acelerar crescimento, mesmo em um cenário de incertezas.

Desde junho, empresas globais já anunciaram mais de US$ 1 trilhão em negócios, número recorde para o período desde 2021. Entre eles, destaca-se a maior transação anunciada em 2025 até agora: a aquisição da operadora ferroviária Norfolk Southern pela rival Union Pacific, avaliada em mais de US$ 80 bilhões incluindo dívidas.

A tendência contrasta com os primeiros meses do ano, quando a volatilidade causada pelas guerras comerciais do presidente Donald Trump freou o mercado de fusões e aquisições. A atividade, no entanto, acelerou a partir de meados do ano e segue forte em setembro. Nesta semana, a CapVest Partners fechou a compra do controle da farmacêutica alemã Stada, enquanto a Kraft Heinz anunciou sua divisão em duas empresas listadas em bolsa.

“O humor dos clientes claramente mudou da cautela para a confiança e a ação”, disse Woeber. “Nos últimos meses, vimos uma aceleração significativa em fusões e aquisições que continua a crescer.”

Estratégia do Barclays

Andrew Woeber, que já passou por casas como Centerview Partners, Greenhill & Co. e Morgan Stanley, assumiu em 2025 o comando global de fusões e aquisições do Barclays.

Sua contratação faz parte de um plano do banco britânico para recuperar espaço após perder terreno para rivais, reforçando a área de assessoria. A iniciativa é conduzida pelos copresidentes globais de banco de investimento, Cathal Deasy e Taylor Wright, que vêm adotando uma postura agressiva de contratação de banqueiros, com foco em setores como transição energética, saúde, indústria e tecnologia.

Os resultados começam a aparecer. O Barclays esteve entre os assessores de algumas das maiores transações do ano, como a compra da startup de cibersegurança Wiz pela Alphabet (controladora do Google), avaliada em US$ 32 bilhões, e a aquisição da geradora norte-americana Calpine pela Constellation Energy, em um negócio de cerca de US$ 29 bilhões incluindo dívidas.

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