Agentes financeiros que apostaram na queda do dólar tendem a atuar novamente no sentido de enfraquecer a moeda (Alex Wong/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 24 de outubro de 2012 às 08h59.
O mercado doméstico começou a sessão nesta quarta-feira sob a expectativa de uma possível nova atuação do Banco Central no câmbio. Isso porque o dólar abriu com viés de baixa em relação ao real, enquanto no exterior a moeda norte-americana mostra sinal desigual: sobe ante o euro e recua em relação a algumas moedas de emergentes correlacionadas com commodities.
Sem rumo único da moeda no exterior e em meio a interesses relacionados aos vencimentos de fim de mês no mercado futuro, os agentes financeiros que apostaram na queda do dólar (bancos e estrangeiros) tendem a atuar novamente, nesta quarta-feira, no sentido de enfraquecer a moeda norte-americana ao máximo visando melhorar a rentabilidade de suas posições no encerramento de outubro.
Contudo, a esperada movimentação desses players pode a ser contra-atacada novamente pelo Banco Central. Isso é dado como certo no mercado, sobretudo porque o ministro da Fazenda, Guido Mantega, admite que o País pratica uma flutuação suja do câmbio, segundo entrevista veiculada na imprensa nesta quarta-feira. Segundo Mantega, "nosso sistema é de flutuação suja, como todos". A nova gestão cambial, explicou, foi uma reação que vai durar o tempo que for necessário para defender o País do conflito cambial que tornou-se agudo após a crise de 2008.
Na terça-feira (23), o Banco Central conseguiu neutralizar a pressão de baixa exercida por esses players sobre as cotações internas com a realização de um leilão de venda de swap cambial reverso - operação equivalente à compra de dólar no mercado futuro. Nessa intervenção, feita na primeira hora de negociação do mercado, foram vendidos apenas 55% (33 mil contratos ou US$ 1,648 bilhão) da oferta total de 60 mil contratos de swap reverso (cerca de US$ 3 bilhões). Desse modo, o BC complementou a rolagem do vencimento de swap reverso de 1º de novembro, iniciada parcialmente em 5 de outubro, e também ajudou a impedir a valorização do real nessa terça-feira. Há expectativa no mercado de que, se for necessário, o BC pode ofertar mais swap reverso para puxar o dólar. No fim da sessão anterior, o dólar à vista fechou em alta de 0,15% no balcão, cotado a R$ 2,0270.
Às 9h23, o dólar futuro para novembro de 2012 na BM&FBovespa estava em baixa de 0,05%, a R$ 2,0290, após oscilar entre mínima de R$ 2,0285 (-0,07%) e máxima de R$ 2,030 (estável). A abertura foi a R$ 2,0290 (-0,05%).
No mercado à vista, o dólar abriu estável, a R$ 2,0270. Às 9h23, estava na mínima de R$ 2,0260, baixa de 0,05%.
No mercado internacional, o euro é penalizado por indicadores fracos divulgados na Europa. Na Alemanha, que é a maior economia da zona do euro, o PMI composto caiu para 48,1 em outubro e o índice IFO de confiança das empresas diminuiu pelo sexto mês seguido, atingindo o nível mais baixo em quase três anos.
Já o dado relativamente bom publicado pela China ajuda a sustentar as moedas correlacionadas com commodities, que estão em alta ante o dólar. O índice dos gerentes de compra (PMI, na sigla em inglês) industrial preliminar chinês medido pelo HSBC subiu para 49,1 em outubro, mas o PMI composto da zona do euro recuou para 45,8, contrariando previsões de alta.
Em Nova York, às 9h24, o euro estava em US$ 1,2934, de US$ 1,2986 no fim da tarde de ontem. O dólar norte-americano caía diante do dólar australiano (-0,45%), do dólar canadense (-0,07%) e do dólar neozelandês (-0,14%).