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Cortes da oferta da Opep+ não conseguem influenciar mercado

Apesar das múltiplas tentativas do grupo de reforçar a confiança na semana passada, os preços caíram 11%, para a mínima de cinco meses

Opep+: Os cortes extras anunciados em 30 de novembro só entrarão em vigor em janeiro (REUTERS/Nick Oxford/Reuters)

Opep+: Os cortes extras anunciados em 30 de novembro só entrarão em vigor em janeiro (REUTERS/Nick Oxford/Reuters)

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Agência de notícias

Publicado em 8 de dezembro de 2023 às 14h16.

O controle da Opep+ sobre os mercados de petróleo globais parece cada vez menos seguro. Traders deram de ombros à promessa feita em 30 de novembro pela Arábia Saudita e aliados de reduzir a oferta em mais 900.000 barris por dia, mostrando ceticismo quanto à implementação. Apesar das múltiplas tentativas do grupo de reforçar a confiança na semana passada, os preços caíram 11%, para a mínima de cinco meses.

Algumas das autoridades mais poderosas do mundo petrolífero, como o ministro de Energia da Arábia Saudita e o vice-primeiro-ministro da Rússia, asseguraram que as restrições à oferta poderiam ser prolongadas para além de março. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, fez uma rara visita a Riad e Abu Dhabi, em uma demonstração de unidade dos produtores de petróleo. Tudo em vão.

Traders duvidam que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados realizem cortes suficientes para controlar um excedente iminente. O crescimento da demanda por combustíveis perde força, e suprimentos de rivais continuam a subir – especialmente por parte do antigo inimigo do cartel, produtores de xisto dos EUA.

“O mercado se decepcionou muito com as medidas da Opep+”, disse Max Layton, chefe de pesquisa de commodities do Citigroup. As ações “não são suficientes para evitar uma deterioração gradual do equilíbrio do petróleo” em 2024.

Os cortes extras anunciados em 30 de novembro só entrarão em vigor em janeiro, e há um precedente para que as medidas do grupo demorem um pouco para influenciar os preços. Os sauditas anunciaram pela primeira vez um corte unilateral da produção de 1 milhão de barris por dia em junho, mas só em julho é que um rali sustentado das cotações se concretizou.

Mas, pelo menos por enquanto, as reduções na oferta não têm surtido o efeito desejado. Os preços do petróleo caíram quase 25% desde que se aproximaram dos US$ 100 por barril em Londres há três meses. Embora essa medida ofereça alívio aos consumidores e aos bancos centrais após anos de inflação galopante, representa uma ameaça econômica para as 23 nações da aliança Opep+. Os futuros do petróleo eram negociados perto de US$ 70 por barril em Nova York na quinta-feira.

Os mercados globais parecem a caminho de mais retração no ano que vem, de acordo com a Agência Internacional de Energia, com a demanda da China afetada por dificuldades financeiras, enquanto a oferta global aumenta. A produção de petróleo dos EUA disparou para níveis recordes, acima dos 13 milhões de barris por dia, com produtores de xisto revigorados pelo apoio da Opep+ aos preços no início deste ano.

Todos assumiram uma visão negativa sobre o petróleo, “até porque os EUA aceleraram neste ano em termos de produção”, disse Paul Sankey, fundador da Sankey Research, em entrevista à TV Bloomberg.

Cenário negativo

“A ótica desajeitada desta reunião da Opep+ vai reforçar os sentimentos negativos do mercado rumo ao novo ano”, disse Bob McNally, presidente da consultoria Rapidan Energy Group e ex-funcionário da Casa Branca.

A percepção não melhorou quando a Opep+ revelou que tinha recrutado com sucesso o Brasil, um produtor em rápido crescimento, já que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi rápido ao explicar que a entrada do país na aliança tinha como objetivo acelerar a retirada do grupo dos combustíveis fósseis.

“O mercado parece pouco convencido sobre as petronações”, disse Norbert Ruecker, chefe de economia do Bank Julius Baer.

A Opep+ agora se reúne apenas em junho e ainda não definiu uma data para o próximo encontro do influente comitê ministerial que supervisiona os cortes – algo que normalmente acontece de dois em dois meses.

Para reanimar os mercados em queda, o Citigroup acredita que a Opep+ poderia convocar outra reunião de emergência antes do final do ano. Outros ponderam se a aliança poderia mudar totalmente a estratégia.

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