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Corte em rating argentino dispara vendas automáticas por fundos de pensão

Spreads de risco caíram para pior patamar desde 2005; peso-argentino acumula desvalorização de 36% no ano

S%P Global reduziu a nota da Argentina para CCC-, vulnerável ao não pagamento (Brendan McDermid/Reuters)

S%P Global reduziu a nota da Argentina para CCC-, vulnerável ao não pagamento (Brendan McDermid/Reuters)

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Reuters

Publicado em 30 de agosto de 2019 às 15h59.

Última atualização em 30 de agosto de 2019 às 16h01.

Os combalidos títulos da Argentina caíam ainda mais nesta sexta-feira (30), depois que um corte na nota de crédito do país pela agência de classificação de risco Standard & Poor's desencadeou ordens automáticas de vendas por parte de grandes fundos de pensão da Alemanha.

Os spreads de risco dispararam para níveis não vistos desde 2005, enquanto a moeda local aprofundou sua desvalorização no ano para 36%, forçando o banco central a novamente intervir no mercado de câmbio e intensificando preocupações com a capacidade do governo de honrar sua dívida em moeda estrangeira.

A S&P Global reduziu o rating da Argentina para "CCC-", nível mais especulativo dentro da grade de notas da agência, dizendo que um plano do governo anunciado na quarta-feira (28) para estender "unilateralmente" os vencimentos de muitos títulos provocou um breve default.

O corte levou a classificação média entre as três grandes empresas de classificação - S&P, Moody's e Fitch - até a "CCC". Para muitas grandes instituições alemãs, esse nível é classificado como muito arriscado para que os papéis sejam mantidos em carteira, sob as regras da VAG, as quais exigem que os fundos sejam vendidos dentro de seis meses.

Os bônus argentinos denominados em euro e com vencimento em 2033 caíram 4,7 centavos. O vencimento 2027 cedia quase 2 centavos. O peso caía 1,7%, a 58,77 por dólar.

"Um rating 'CCC' é realmente mais significativo que um (rating de) default", disse Edwin Gutierrez, chefe da dívida soberana de mercados emergentes da Aberdeen Standard.

"Os fundos de pensão alemães não podem manter CCC, então esse é realmente o maior gatilho para venda", afirmou, acrescentando que as regras não eram tão rígidas para bonds em default.

A onda de vendas nos mercados argentinos dá sequência aos impactos nos ativos vistos desde que o presidente Mauricio Macri, tido como pró-mercado, foi surpreendido pela liderança do peronista populista Alberto Fernández nas eleições primárias deste mês. As eleições gerais, com Fernández agora como o principal candidato, ocorrem no fim de outubro.

Os spreads argentinos que medem o risco de default ante os Treasuries - considerados referência - dispararam 212 pontos-base, para 2.483 pontos-base, nesta sexta-feira, maior patamar desde 2005, segundo o índice Emerging Markets Bond Index Plus do JP Morgan.

O banco central anunciou nesta sexta-feira que começará a comprar dívida de curto prazo de fundos mútuos locais afetados pelo plano do governo de estender os vencimentos dos títulos.

Os fundos estavam ajustando suas operações para poderem funcionar "normalmente", segundo comunicado divulgado pelo regulador do mercado de capitais da Argentina na quinta-feira (29).

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