Powell: discurso do presidente do Fed aumenta apostas para corte de juros em setembro (Chip Somodevilla/Getty Images)
Repórter de finanças
Publicado em 31 de julho de 2024 às 17h12.
Última atualização em 8 de agosto de 2024 às 15h29.
O Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) manteve a taxa de juros na faixa entre 5,25% e 5,50% ao ano nesta quarta-feira, 31. A decisão foi unânime e em linha com o consenso do mercado. Apesar da falta de surpresas na decisão, alguns pontos do discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, dão sinais para que o início do corte de juros se inicie em setembro.
Diferente do comunicado, que enfatizou novamente a necessidade de mais confiança para cortar juros, as respostas de Powell aos jornalistas durante a coletiva aumentaram as apostas para o início do corte de juros. “De nenhuma forma ele foi claro, mas deu bem mais pistas de que a queda de juros era iminente e que também ela ocorreria em setembro”, diz Beto Saadia, diretor de Investimentos da Nomos.
Ao responder uma pergunta se o corte em setembro era esperado, Powell respondeu: "Um corte de taxa pode estar na mesa na reunião de setembro se a totalidade dos dados contribuir.” O presidente do Fed também disse que “há um consenso no Fomc de que estamos nos aproximando do ponto em que poderíamos cortar juros, mas ainda não chegamos a esse ponto.”
Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad, cita a fala sobre a normalização do mercado de trabalho como um dos pontos positivos do discurso. Segundo Powell, o mercado de trabalho continua aquecido, mas se moveu de forma clara para mais próximo do equilíbrio existente na pré-pandemia.
De acordo com José Maria Silva, coordenador de alocação e inteligência da Avenue, Powell disse que os riscos de pressões inflacionárias com viés para cima estão mais controlados dada a desaceleração no mercado laboral e o seu maior equilíbrio.
Entretanto, Powell também destacou que, se houver uma desaceleração mais acentuada no mercado de trabalho, isso poderia fortalecer a expectativa de um corte nas taxas. Nas falas de Powell: “Não gostaríamos de ver uma desaceleração substancial no mercado de trabalho.”
Powell manteve o discurso sobre a necessidade de encontrar um equilíbrio entre não cortar as taxas de juros prematuramente, o que poderia resultar em uma pressão inflacionária persistente, e não esperar demais, o que poderia deteriorar ainda mais o mercado de trabalho, como explica Silva.
“O presidente Jerome Powell disse ainda na reunião de hoje que houve uma conversa onde a grande maioria dos membros do comitê concordou que estão cada vez mais próximos de começar o ciclo de cortes de juros”, diz Silva.
Outro ponto de destaque citado Igliori é o reconhecimento de Powell que a inflação americana está mais perto da meta. O Índice de Preços de Gastos com Consumo (PCE, na sigla em inglês) de junho, divulgado pelo Departamento do Comércio dos EUA, mostraram que a inflação anualizada está em 2,5%, em direção da meta de 2%.
“Em resumo, tudo depende dos dados, mas o primeiro corte em setembro é uma (muito boa) possibilidade”, avalia Igliori.