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Corporations no Brasil tendem a crescer nos próximos anos

Segundo especialistas, conversão da Kroton em companhia de capital disperso reforça uma tendência que deve se consolidar nos próximos anos


	Segundo especialistas, modelo facilita o acesso das companhias ao mercado de capitais, pricipalmente para suportar programas de expansão
 (Luiz Prado/Divulgação/BM&FBOVESPA)

Segundo especialistas, modelo facilita o acesso das companhias ao mercado de capitais, pricipalmente para suportar programas de expansão (Luiz Prado/Divulgação/BM&FBOVESPA)

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Da Redação

Publicado em 6 de dezembro de 2012 às 13h13.

Rio de Janeiro - A conversão da Kroton em companhia de capital disperso coloca a rede de ensino privado num grupo ainda limitado entre empresas de capital aberto no país, mas reforça uma tendência que deve se consolidar nos próximos anos, segundo especialistas ouvidos pela Reuters.

Comuns nos Estados Unidos e no Reino Unido, as empresas de capital disperso representam cerca de 3 por cento das companhias listadas no Brasil, as chamadas corporations. A estreia aqui aconteceu com a varejista Lojas Renner em 2005.

Hoje, esse grupo, que normalmente têm mais da metade do capital votante em circulação no mercado, inclui Embraer, Gafisa, Dasa, Totvs e Even.

"Acho que este é um processo natural, principalmente se considerar que estas empresas adotam regras estatutárias e de divulgação que ajudam a dar um conforto maior para o minoritário", disse à Reuters a ex-presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Maria Helena Santana.

Este modelo facilita o acesso das companhias ao mercado de capitais, pricipalmente para suportar programas de expansão, segundo especialistas, por em geral serem mais transparentes.

"As empresas com capital pulverizado possuem uma preocupação maior em demonstrar o valor agregado e a dinâmica dos negócios", disse a coordenadora da comissão técnica do Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (IBRI), Alessandra Polastrini.

Polêmicas à vista

Com mais corporations, os assuntos polêmicos relacionados a este tipo de empresa também devem crescer. Um dos principais são as chamadas pílulas de veneno, mecanismos criados para evitar a tomada de controle das companhias no mercado.


A BM&FBovespa tentou em 2010 instituir a obrigatoriedade de realização de Oferta Pública de Aquisição (OPA) se um único investidor comprasse 30 por cento do capital de uma companhia.

A proposta foi rechaçada pelas empresas listadas no Novo Mercado. Maria Helena, então presidente da CVM, disse à Reuters em maio que seria desejável uma padronização.

De todo modo, a CVM se prepara para ter que atuar nos próximos anos em mais questões envolvendo a governança dessas companhias, segundo a diretora da autarquia Ana Novaes.

Outra questão que tende a crescer são as demandas societárias decorrentes de conflitos entre administradores e a base acionária, "uma vez que o controle de fato passa para as mãos dos executivos da companhia", diz Alessandra, do Ibri.

A CVM já vem sinalizando que deve se debruçar mais sobre o tema. O novo presidente da autarquia, Leonardo Pereira, disse logo na primeira aparição pública depois da posse que as regras do modelo de corporation terão que ser rediscutidas.

Em outra frente, o ativismo dos minoritários, comum em mercados maduros, mas ainda pouco usual entre os acionistas brasileiros, começa a aparecer.

Este ano, os minoritários da Gafisa exigiram o voto múltiplo na eleição do Conselho de Administração. Como resultado, conseguiram eleger alguns dos novos conselheiros, numa campanha liderada pela Polo Capital Management.

Para uma empresa de capital pulverizado, itens como a formação do Conselho de Administração, a remuneração dos administradores, e o alinhamento entre a gestão e o Conselho são fundamentais para que não haja problemas, segundo a superintendente-geral do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), Heloísa Bedicks.

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