Mercados

Coronavírus mata 362, e bolsa de Xangai reabre com queda de 8%

Consultoria Oxford Economics cortou a previsão de crescimento da China para 5,4% em 2020, ante 6% de 2019, no que já foi o pior resultado em três décadas

 (Aly Song/Reuters)

(Aly Song/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 3 de fevereiro de 2020 às 06h03.

Última atualização em 3 de fevereiro de 2020 às 10h17.

São Paulo — Após as dúvidas sobre o potencial de contaminação do coronavírus mundo afora, vem a questão sobre o impacto das bolsas chinesas.

A bolsa de Xangai, que retomou as atividades nesta segunda-feira após um feriado de ano novo alongado, teve seu pior resultado diário desde 2007, com queda de 7,9%. Segundo cálculos da agência Reuters, investidores tiraram mais de 400 bilhões de dólares de companhias chinesas hoje.

Foi o primeiro dia de negociações desde 23 de janeiro, quando o número de mortes ainda estava em 17. Hoje, a conta chega a 362 mortes, incluindo uma fora da China, nas Filipinas, e 17.000 contaminados.

Acompanhando o avanço das contaminações, o iuane, o ferro, o petróleo e o cobre em Xangai também foram negociados nas mínimas de 2020. Isso tudo apesar de o banco central chinês ter injetado 174 bilhões de dólares para evitar uma derrocada ainda maior nas bolsas locais.

O potencial de contágio da economia chinesa no primeiro trimestre ainda é uma incógnita, mas as notícias seguem jogando contra os otimistas. Ao menos 24 províncias, que concentram 80% da produção econômica do país, segundo a CNBC, ampliaram o feriado de ano novo pelo menos até a próxima segunda-feira.

A consultoria Oxford Economics cortou a previsão de crescimento da economia chinesa para 5,4% em 2020, ante 6% de 2019, no que já foi o pior resultado em três décadas.

Segundo o banco Morgan Stanley, a produção industrial do país pode ser afetada em até 8% no primeiro bimestre. A consultoria Oxford Economics cortou a previsão de crescimento da economia chinesa para 5,4% em 2020, ante 6% de 2019, no que já foi o pior resultado em três décadas.

O PIB de Hong Kong, que sofre os efeitos da restrição de circulação de pessoas e mercadorias, pode encolher até 5% no primeiro trimestre, segundo estimativas.

No Brasil e nos Estados Unidos, os efeitos nas bolsas podem ser aliviados, ou impulsionados, com as temporadas de resultados financeiros das empresas.

O Ibovespa fechou a sexta-feira com queda acumulada de 1,6% em janeiro, enquanto o dólar fechou o mês com alta de 6,7%, impactados pelo aumento de incerteza com os efeitos do coronavírus.

Depois da processadora de pagamentos Cielo e do banco Santander Brasil, que nos últimos dias de janeiro deram início à temporada de divulgação de resultados corporativo, mais quatro grupos financeiros do país publicam nesta semana os balanços referentes ao quarto trimestre de 2019.

A seguradora Porto Seguro informa seus números aos investidores hoje, os bancos Pan e Bradesco, na quarta-feira, e Inter, na quinta.

No caso dos bancos, o mercado vai analisar com lupa os dados referentes à concessão de financiamentos – para tentar entender se a economia brasileira está mesmo se recuperando – e às margens de lucro – para medir o quanto a redução da taxa de juros Selic vem afetando os ganhos das instituições.

Comparando o desempenho dos bancões tradicionais com o dos digitais, será possível também avaliar se a competição tem forçado para baixo os custos de tomar um empréstimo e fazer transações financeiras no Brasil, como deseja o Banco Central.

Os próximos dias vão mostrar, em escala ampliada, se a economia e as empresas brasileiras conseguem ir bem num cenário global de altas tensões em 2020.

Acompanhe tudo sobre:bolsas-de-valoresChinaCoronavírusEstados Unidos (EUA)Exame Hoje

Mais de Mercados

JBS anuncia plano de investimento de US$ 2,5 bilhões na Nigéria

Ibovespa sobe puxado por Petrobras após anúncio de dividendos

Escândalo de suborno nos EUA custa R$ 116 bilhões ao conglomerado Adani

Dividendos bilionários da Petrobras, pacote fiscal e cenário externo: assuntos que movem o mercado