Banco Central: expectativa é de corte de 0,5 p.p. na Selic (Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)
Repórter de Invest
Publicado em 31 de outubro de 2023 às 06h04.
A semana mais curta no mercado brasileiro é marcada por decisões de política monetária tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, que irão definir a trajetória dos juros.
As reuniões dos bancos centrais começam nesta terça-feira, 31, e duram dois dias. As decisões serão anunciadas amanhã – evento conhecido no mercado como “Super Quarta”.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central divulga a decisão da taxa básica de juros brasileira, a Selic, na quarta após o fechamento do mercado.
Já o Fomc, comitê do Federal Reserve (Fed) responsável por decidir a taxa de juros nos Estados Unidos, apresenta sua decisão no mesmo dia às 15h (horário de Brasília). Na sequência, às 15h30, haverá um discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, detalhando a decisão do Fomc.
A expectativa do mercado é que o Copom mantenha o já anunciado ritmo de cortes em 0,5 ponto percentual (p.p.), levando a Selic dos atuais 12,75% ao ano para 12,25% ao ano. Seria o terceiro corte consecutivo na taxa desde o início do ciclo de baixa, em agosto.
É esperado ainda que o Copom indique a manutenção do ritmo de corte para as próximas reuniões. Na avaliação dos analistas do Itaú BBA, o comitê não deve desacelerar a tendência, mesmo com um ambiente mais instável no exterior.
“Apesar do ambiente externo ter se tornado mais complexo – com aumento dos juros longos nos Estados Unidos e deflagração do conflito no Oriente Médio –, a depreciação do real em relação ao dólar foi moderada, e, no âmbito doméstico, as divulgações de inflação mostraram dados mais benignos, com queda das principais medidas de núcleos”, afirmaram em relatório.
É possível, no entanto, que o cenário mude para as decisões do ano que vem. “A orientação [no corte de 0,5 p.p.] deve ser limitada apenas à próxima reunião do Copom. O comitê deve destacar a incerteza do lado externo para manter o ritmo de flexibilização monetária, apesar das condições internas favoráveis”, informou o Bank of America (BofA) em relatório.
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Nos Estados Unidos, o mercado espera que o Fomc mantenha a taxa de juros no patamar atual, no intervalo entre 5,25% e 5,5% ao ano. Segundo o monitor do CME Group, 98% das projeções apontam nessa direção.
“Um maior reequilíbrio do mercado de trabalho, melhores notícias sobre a inflação e o provável buraco de crescimento no quarto trimestre convencerão mais participantes de que o Fomc pode renunciar a uma elevação final dos juros este ano”, disseram, em relatório, os analistas do Goldman Sachs.
É possível, no entanto, que o mercado fique mais focado no novo plano de financiamento do Tesouro americano do que na decisão do Fed. Isso porque o plano trimestral vai revelar até que ponto o Tesouro dos EUA pretende aumentar a emissão de dívida de longo prazo para financiar o déficit crescente das contas públicas do país. As taxas que os investidores cobram para tomar os títulos longos do governo sobem há semanas – mesmo em meio a sinais de que o Fed está muito próximo de terminar o ciclo de alta de juros.
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