São Paulo - Em meio a incertezas que levaram suas ações a acumularem uma das maiores quedas na bolsa neste ano, a Lupatech (LUPA3) entregou ontem à CVM um documento que indica que o momento mais crítico de sua desvalorização foi causado por uma venda em massa de papéis pertencentes a um membro do conselho de administração da empresa.

Segundo Exame apurou, as ações pertenciam ao fundador Nestor Perini, que possui o maior número de ações da companhia por meio da holding Lupapar.

Participação

Na instrução 358 publicada no site da CVM, a empresa indica que 7,8 milhões de reais em ações, o equivalente a 4,1% do capital total da fabricante de válvulas e cabos usados em plataformas de petróleo, foram colocados a venda na bolsa em um único dia – 24 de novembro, data em que o papel da empresa fechou com seu menor valor histórico, 3,45 reais.

Conforme havia adiantado a revista Exame em sua última edição, a venda foi realizada pelo banco JP Morgan como forma de executar garantias – as próprias ações – de um empréstimo tomado por Perini no mercado para elevar sua participação na empresa, em 2008. 

Desempenho das ações nos últimos 6 meses:

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A liquidação dessas ações foi responsável sozinha por quase um terço das negociações do papel no dia. Além de derrubar o valor das ações, a venda deve reduzir a participação da Lupapar de 25,1% para 21% do capital total da empresa. Procurada, a empresa não quis se manifestar.

Desde o início do ano, as ações da Lupatech acumulam uma desvalorização de 75%. As incertezas do mercado sobre a empresa recaem principalmente sobre dificuldades operacionais que colocam em risco sua capacidade de honrar dívidas de curto prazo.

Em agosto deste ano, Perini deixou o comando executivo da empresa, ficando à frente do conselho de administração. Sua substituição pelo executivo Alexandre Monteiro foi lida pelo mercado como um sinal de que as coisas não vão bem na companhia.

Hoje, a CVM também aplicou uma penalidade de advertência a José Teófilo Abu-Jamra, conselheiro de administração da Lupatech, acusado por irregularidade na negociação com ações da companhia em 2009.