Chaminé em uma plataforma de petróleo da Petrobras (Sérgio Moraes/Reuters)
Da Redação
Publicado em 26 de junho de 2014 às 20h13.
Rio de Janeiro - Um membro do Conselho de Administração da Petrobras disse que considera questionar a empresa na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) por não ter sido informado sobre o acordo para produção de petróleo excedente em quatro áreas do pré-sal de 15 bilhões de reais.
Silvio Sinedino, que representa os funcionários na empresa, disse que não sabia do plano de repasse de direitos para a Petrobras explorar até 15,2 bilhões de barris excedentes do pré-sal.
Mauro Cunha, que representa os acionistas minoritários, também disse que não sabia do assunto com antecedência.
Mas Sinedino disse que considera questionar a empresa junto ao órgão regulador. Segundo ele, o governo da presidente Dilma Rousseff tornou a companhia de petróleo mais endividada e menos lucrativa do mundo.
"Não sou contra a compra do petróleo em si. Simplesmente não tenho certeza se o negócio é bom para a Petrobras", disse. "O governo fez de tudo para tirar dinheiro da Petrobras para cobrir a conta."
Uma fonte do governo federal que acompanha o assunto e pediu para não ser identificada afirmou que há dúvidas se a decisão deveria passar pelo Conselho de Administração da Petrobras "já que o que houve anteontem foi uma decisão de governo, do CNPE".
As ações da Petrobras caíram 5,4 por cento desde a decisão.
Embora o governo tenha a maioria dos votos do Conselho, investidores não-governamentais possuem a maior parte do capital da companhia, mas a maior parte é de ações sem direito a voto. "Se o governo acha os minoritários ou os sindicalistas inconvenientes, eles têm um recurso. Pode fechar o capital, comprar a parte dos minoritários", disse. "Mas enquanto tem minoritários, tem que seguir as regras, os estatutos."
Além do pagamento ao governo de 15 bilhões de reais até 2018, o plano eleva o gasto anual da Petrobras em cerca de 3 por cento e requer a compra de bilhões de dólares em navios e equipamentos para produção.
Na véspera, a presidente-executiva da Petrobras, Maria das Graças Foster, disse que o plano estava em discussão há dois anos. Ele foi aprovado pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) mais cedo no mesmo dia.
O movimento recente vem após a recusa do governo federal em elevar os preços de combustíveis em linha com os preços globais que levaram a grandes perdas com a importação de combustíveis.
Isso tem feito a dívida da companhia subir além dos limites internos, enquanto busca recursos para custear seu plano de expansão de 221 bilhões de dólares.
Cunha, também membro do comitê fiscal da companhia, votou contra a aprovação dos resultados de 2013 da Petrobras no começo do ano, após reclamar que nem ele nem seus colegas receberam dados suficientes para revisá-los.
Consultada sobre as afirmações dos conselheiros, a Petrobras afirmou que não comentaria o assunto.
Texto atualizado com mais informações às 20h13min do mesmo dia.