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Conheça o gestor que evitou a perda de US$ 2,6 bi prevendo o caos na bolsa

O bilionário Bill Ackman, que investiu em papéis de proteção para compensar as perdas com ações, agora está otimista com a retomada das bolsas americanas

Bill Ackman: gestor tem comprado papéis da cadeia de hotéis Hilton, dos restaurantes Restaurant Brands e da lanchonete Starbucks (REUTERS/Shannon Stapleton/Reuters)

Bill Ackman: gestor tem comprado papéis da cadeia de hotéis Hilton, dos restaurantes Restaurant Brands e da lanchonete Starbucks (REUTERS/Shannon Stapleton/Reuters)

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Natália Flach

Publicado em 30 de março de 2020 às 11h46.

Última atualização em 31 de março de 2020 às 01h50.

Em momentos de pânico no mercado, é comum muitos investidores perderem dinheiro e poucos ganharem uma bolada. Esse é o caso do gestor William - mais conhecido pelo apelido Bill - Ackman, do fundo Pershing Square Management, que se antecipou à queda das bolsas e transformou um hedge (proteção) de 27 milhões de dólares em 2,6 bilhões em menos de um mês. Esse montante foi suficiente para compensar as perdas dos investimentos em ações, que caíram significativamente no mesmo período.

A estratégia do fundo foi montada em fevereiro, pouco antes, portanto, de os efeitos da pandemia de coronavírus atingirem em cheio os mercados financeiros. Ele investiu 27 milhões de dólares em papéis de proteção contra calote (chamados de credit default swaps, ou CDS) de ativos com grau de investimento e índices de proteção contra calote de alto rendimento.

"Embora sejamos investidores de longo prazo, consideramos que a nossa principal responsabilidade é preservar o capital e proteger nossos investidores de perdas. À luz de nossas preocupações, tínhamos duas opções: poderíamos vender todos os nossos investimentos ou proteger nosso portfólio. Optamos por proteger a carteira em vez de vender porque acreditamos que todas as nossas empresas vão se recuperar e criar valor substancial no longo prazo", escreveu Ackman em carta direcionada a seus clientes na última sexta-feira.

A proteção rendeu frutos. No dia 9 de março, a carteira valia 1,8 bilhão de dólares e, três dias depois, havia se transformado em 2,6 bilhões. "Como acreditávamos que a disseminação do coronavírus só poderia ser interrompida com um desligamento econômico sem precedentes na Europa e nos Estados Unidos, com base no que aprendemos com a China, estávamos confiantes de que os spreads de crédito aumentariam substancialmente a partir de seus mínimos. Acreditávamos que as paralisações globais também afetariam negativamente todas as empresas de nosso portfólio em graus variados, fazendo com que os preços das ações caíssem substancialmente. Acreditávamos, no entanto, que nosso programa de proteção provavelmente seria eficaz porque, à medida que os spreads nos índices aumentassem, nosso CDS se tornaria muito mais valioso." De fato, a estratégia de proteção deu certo.

E, da mesma forma que Ackman se antecipou para montar a posição, o gestor foi rápido para se desfazer dela. No dia 12 de março, começou a vender os papéis de proteção e 11 dias depois já não tinha mais nenhum CDS em carteira. O motivo? Ele previu uma nova mudança na tendência da bolsa, agora de pessimista para otimista.

Isso porque o governo começou a levar mais a sério o risco da pandemia de coronavírus. Tanto é que o presidente, Donald Trump, passou a realizar coletivas de imprensa diárias com sua equipe, e várias cidades instituíram o confinamento como abordagem à crise. "Tenho comprado ações do [hotéis] Hilton, do [restaurantes] Restaurant Brands e da [lanchonete] Starbucks”, disse em entrevista à rede CNBC. Resta saber se Ackman vai garantir bons retornos aos cotistas.

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