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Conflito no Oriente Médio não abala Wall Street e big techs são aposta para navegar tempos incertos

Investidores veem conflito como pontual e mantêm investimentos em ações de crescimento, como Apple, Microsoft e Google

Estela Marconi
Estela Marconi

Freelancer

Publicado em 24 de junho de 2025 às 08h26.

Apesar da escalada da tensão entre Irã, Israel e Estados Unidos nas últimas semanas, analistas de Wall Street mantêm uma visão otimista para as bolsas. A recomendação geral tem sido clara: aproveitar as quedas pontuais para comprar ações, especialmente de tecnologia, finanças e comunicação.

Na noite de segunda-feira, 23, o presidente Donald Trump anunciou um cessar-fogo entre os dois países do Oriente Médio, o que reforçou aos investidores que o conflito não deve sair do controle e afetar de forma estrutural o desempenho das ações. Horas mais tarde, Israel acusou o Irã de violar a trégua acordada após supostos ataques de mísseis. O Teerã, por sua vez, negou a ofensiva.

Diferentemente do que costuma ocorrer em momentos de instabilidade geopolítica, quando os investimentos migram para setores considerados seguros, como saúde e utilidades públicas, especialistas estão colocando dinheiro em ativos ligados ao crescimento, segundo informações da Bloomblerg

Empresas de tecnologia, que já lideravam os ganhos desde o começo de junho, continuaram puxando o S&P 500 mesmo nos dias de maior tensão. As ações do setor de saúde, por outro lado, estão entre as maiores quedas recentes.

A avaliação de analistas como Paul Christopher, do Wells Fargo, e Sam Stovall, da CFRA, é de que o histórico conta a favor: conflitos localizados, como o atual, tendem a provocar apenas ruídos temporários nos mercados. 

“Riscos geopolíticos têm sido contidos com frequência, e o mercado se acostumou a isso”, disse Venu Krishna, estrategista do Barclays, à Bloomberg TV.

Tecnologia continua atrativa, mas ainda cara

Apesar da preferência clara por empresas de tecnologia, a preocupação está nos preços: os papéis das gigantes do setor já voltaram a negociar perto dos valores altos do início do ano, antes da correção provocada pelas tarifas de Trump. Para investidores como Joe Gilbert, da Integrity Asset Management, o setor está 'lotado demais' e com valuations elevados, o que aumenta a busca por oportunidades em setores como indústria e finanças, que ainda oferecem bom potencial de crescimento e preços mais baratos.

Apesar das discussões sobre preço, segundo a reportagem, o consenso entre vários gestores é que as big techs ainda representam um porto seguro. Empresas como Apple, Microsoft e Google têm modelos de negócios concretos, alto volume de caixa e baixo endividamento. “Elas funcionam como uma espécie de proteção em tempos difíceis”, afirmou Michael O’Rourke, da Jonestrading.

Enquanto os lucros das empresas seguem em alta e o rendimento dos títulos do Tesouro de 10 anos permanece abaixo de 4,5%, analistas não veem espaço para correções abruptas. O preço do petróleo, outro termômetro relevante em crises geopolíticas, também cedeu nos últimos dias, com o barril do tipo WTI caindo para cerca de US$ 64.

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