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Conflito entre Irã e EUA pressiona mercados, mas impacto deve ser passageiro, diz Morgan Stanley

Analistas veem risco limitado nos mercados, a menos que o Irã feche o Estreito de Hormuz ou o petróleo dispare acima de US$ 120

Publicado em 23 de junho de 2025 às 06h00.

Apesar da escalada militar no Oriente Médio, a reação dos mercados financeiros globais foi contida nesta segunda-feira, 23. Para o banco Morgan Stanley, vendas motivadas por tensões geopolíticas costumam ser passageiras e de impacto limitado.

O petróleo Brent chegou a subir 5,7% após os ataques, mas devolveu a maior parte dos ganhos ao longo do dia, sendo negociado a US$ 77 por barril. A maior preocupação segue concentrada na possibilidade de o Irã tentar interromper o tráfego de petróleo e gás pelo Estreito de Hormuz.

A história mostra que a maioria dos episódios geopolíticos resulta em quedas modestas e curtas nos mercados”, escreveu Michael Wilson, estrategista-chefe do Morgan Stanley, em relatório a clientes, de acordo com a Bloomberg. Segundo ele, o que definirá a duração da volatilidade será o comportamento dos preços do petróleo.

Nos últimos 30 dias, o Brent acumula alta superior a 20%. A expectativa de um choque de oferta permanece no radar dos investidores, especialmente se o Irã cumprir a ameaça de fechar o estreito, rota estratégica por onde passa 20% do petróleo global.

Alta no petróleo pode gerar choque inflacionário e nova queda das bolsas

De acordo com o banco Panmure Liberum, um bloqueio no Estreito de Hormuz geraria um “choque estanflacionário” semelhante ao ocorrido em 2022, durante o auge da guerra na Ucrânia. Nesse cenário, os analistas preveem uma correção entre 10% e 20% nos índices acionários, com potencial para um novo mercado de baixa.

Para o Morgan Stanley, o gatilho de um cenário negativo mais agudo seria o petróleo atingir US$ 120 por barril. “Respeitamos os riscos, mas ainda há um longo caminho até lá”, disse Wilson.

Investidores já vinham reduzindo a exposição em ações dias antes dos ataques, e a demanda por proteção aumentou. Ainda assim, a queda nas bolsas tem sido moderada, com maior concentração de volatilidade nos mercados de energia.

Fatores como o dólar mais fraco e a recuperação nos lucros corporativos continuam oferecendo suporte às ações dos EUA, amenizando os impactos imediatos da crise.

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