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Compradores de bônus ignoram FMI e vendas disparam no Brasil

O país está liderando uma retomada na venda de bônus junk da América Latina


	Paranapanema: a produtora de cobre refinado está tentando se tornar a quarta empresa brasileira de grau especulativo a vender bônus no exterior
 (Germano Lüders)

Paranapanema: a produtora de cobre refinado está tentando se tornar a quarta empresa brasileira de grau especulativo a vender bônus no exterior (Germano Lüders)

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Da Redação

Publicado em 14 de abril de 2014 às 14h55.

Nova York - O Brasil está liderando uma retomada na venda de bônus junk da América Latina em um momento em que o Fundo Monetário Internacional faz um alerta a respeito dos riscos crescentes enfrentados pelas empresas dos mercados emergentes devido ao aumento dos custos dos empréstimos.

A produtora de cobre refinado Paranapanema SA está tentando se tornar a quarta empresa brasileira de grau especulativo a vender bônus no exterior após uma interrupção de quatro meses nesse movimento, que terminou em 13 de março, mostram dados compilados pela Bloomberg.

Os rendimentos dos emissores de bônus da região classificados como junk caíram uma média de 0,4 ponto porcentual nos últimos 30 dias, para 7,94 por cento, mais que o triplo da queda das dívidas de alto rendimento dos EUA, mostram dados compilados pelo Bank of America Corp.

O aumento nas vendas deve-se em parte a uma dúzia de ofertas de grau especulativo da América Latina nos últimos 30 dias em um momento em que os investidores voltam a acumular dívidas de mercados em desenvolvimento. Turbulências em países como Argentina e Ucrânia e a redução dos estímulos da Reserva Federal dos EUA impulsionaram um êxodo no começo deste ano.

Os emissores desses países, incluindo o Brasil, que aumentaram as vendas para tirar vantagem do crédito barato nos últimos quatro anos, estão sob risco maior de verem uma fuga de capital se os custos dos empréstimos nos EUA subirem mais, disse José Vinals, chefe do departamento de mercados de capitais do FMI, em 9 de abril.

“Uma bolha está em formação”, disse Rafael Elias, analista do Crédit Agricole SA em Nova York, em resposta enviada por e-mail a questões. “Nós vemos alguns investidores tornando-se menos exigentes, muitas vezes porque não têm opção, dada sua necessidade de encontrar um lar para suas posições de caixa”.


Moratória da Aralco

Um funcionário da Paranapanema, que pediu para não ser identificado devido à política da empresa, preferiu não comentar a respeito dos planos de emissão de bônus.

A companhia com sede em Santo André, São Paulo, pode tentar vender dívidas denominadas em dólar após finalizar reuniões com investidores na Ásia e nos EUA, amanhã, disse uma fonte familiarizada com os planos, que pediu para não ser identificada porque os termos não foram definidos.

A Paranapanema, cujo rating B+ da Standard Poor’s está quatro níveis abaixo do grau de investimento, seria a segunda emissora de primeira viagem do Brasil classificada como junk desde que a Aralco SA Açúcar Álcool vendeu US$ 250 milhões em dívida em abril de 2013. A Aralco, produtora de açúcar e etanol, não quitou suas notas no mês passado após realizar apenas um pagamento de cupom.

Emissores de alto rendimento, dos frigoríficos brasileiros JBS SA, Marfrig Global Foods SA e Minerva SA até a companhia aérea Avianca Holdings SA, que tem sede em Bogotá, venderam US$ 7 bilhões em dívidas nos últimos 30 dias, 59 por cento a mais que no mesmo período do ano passado, mostram dados da Bloomberg.

O rendimento extra que os investidores exigem para manter dívidas corporativas classificadas como junk de mercados emergentes em vez de títulos do Tesouro dos EUA de vencimento similar encolheu para 4,78 pontos porcentuais em 2 de abril, o nível mais baixo desde 2007, mostram dados do índice do JPMorgan Chase Co.

“Investidores e bancos terão que enfrentar alguns custos provenientes de excessos financeiros anteriores e os preços do mercado precisarão se ajustar para refletir os riscos de forma mais precisa”, disse o FMI.

O aumento da emissão de bônus junk sugere que o mercado “é superficial”, disse Carlos Legaspy, que gerencia US$ 350 milhões de dívidas de mercados emergentes e comprou bônus de grau especulativo da fabricante mexicana de cimento Cemex SAB no mês passado.

“Existe apetite neste momento”, disse ele, em entrevista por telefone. “Os emissores estavam apenas esperando uma oportunidade, porque quem sabe quanto tempo esta janela irá durar? Eu estou realmente observando o valor relativo no momento, buscando uma forma de lucrar com alguns nomes”.

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