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Comportamento dos juros americanos pode anunciar recessão, diz Gavekal

Perspectiva de taxas mais altas por mais tempo podem aumentar a despesa líquida das empresas americanas

Wall Street: mercado teme rescessão na economia dos EUA (Leandro Fonseca/Exame)

Wall Street: mercado teme rescessão na economia dos EUA (Leandro Fonseca/Exame)

Beatriz Quesada
Beatriz Quesada

Repórter de Invest

Publicado em 5 de outubro de 2023 às 14h15.

Última atualização em 7 de novembro de 2023 às 17h44.

Os títulos do tesouro dos Estados Unidos, considerados os ativos mais seguros do mundo, estão passando por uma “inversão” que preocupa o mercado. Os rendimentos dos títulos com vencimento em 10 anos, na curva longa de juros, estão em tendência de alta, superando o rendimento dos títulos de 2 anos, na parte mais curta da curva.

A mudança veio no embalo das últimas sinalizações do Federal Reserve (Fed, o banco central americano). Em sua última reunião, o Fed indicou mais uma alta de juros ainda este ano par aconter a inflação, e apontou ainda que os cortes no próximo ano serão em menor quantidade que o esperado, ou seja, os juros vão ficar altos por mais tempo.

Nas projeções do Fed para os próximos anos, foram retiradas dois cortes de juros que estavam previstos para 2024. A expectativa mediana de diretores do Fed é de que os juros americanos, hoje entre 5,25% e 5,5%, permaneçam acima de 5% durante todo o ano que vem.

Esse foi o cenário responsável pela inversão do rendimento das curvas longa e curta de juros, que pode ter um impacto nocivo para a economia na avaliação da Gavekal Research. 

“Desde que a inversão atingiu o pico em 1º de junho, as taxas de juros de 10 anos subiram 109 pontos base, enquanto as taxas de três meses subiram apenas 9 pontos base, resultando em um aumento líquido substancial de 100 pontos base. Voltando aos anos 1990, tal inversão tem sido fortemente associada a uma recessão subsequente”, apontou a casa de análise em relatório.

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O impacto nas empresas

A recessão viria de um aumento nas dívidas líquidas das empresas não financeiras do país. “Desde os anos 1990, as companhias aumentaram suas reservas de caixa e equivalentes de caixa e optaram por dívidas de longo prazo, tornando suas despesas líquidas com juros mais dependentes da curva de juros e menos dos níveis de taxas de juros em si. Portanto, quando a curva se desinverte por meio de um aumento da inclinação, as empresas dos EUA pagarão mais juros sobre dívidas de longo prazo, enquanto os retornos de caixa crescerão mais lentamente”, explicaram os analistas.

O resultado seria um aumento generalizado das despesas com juros, que pode pesar no lucro das empresas, levando a demissões de funcionários. A avaliação da Gavekal é que esse movimento poderia levar o Fed a cortar os juros, mas os desafios continuariam no radar. “Os custos de empréstimos das empresas dos EUA cairão, mas sua receita de juros diminuirá ainda mais”, informou o relatório.

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