Ruben Guerrero CEO da Webull para a América Latina: "A bolsa brasileira tem hoje 5 milhões de CPFs. Mas não estamos aqui pelos 5 milhões. Estamos aqui pelo potencial de crescimento desse mercado" (Webull/Divulgação)
Repórter
Publicado em 5 de novembro de 2024 às 07h11.
Com um nome que remete ao touro, símbolo de um mercado em expansão, a Webull busca aproveitar o bom momento do varejo americano para conquistar novos territórios. Após se estabelecer em países da Ásia, como Austrália e Singapura, o alvo da vez é a América Latina, onde está estruturando suas operações a partir da Faria Lima.
Recém-alugado, o escritório da Webull no centro financeiro de São Paulo se assemelha ao de outras empresas do setor. A diferença está no baixo número de funcionários em relação ao tamanho do espaço. O excedente de área visa acomodar novas contratações à medida que a empresa se instala no Brasil, explica Ruben Guerrero, CEO da Webull para a América Latina.
Dominicano, com carreira entre São Paulo e Nova York, Guerrero não esconde sua preferência pela capital paulista. “É uma cidade muito melhor para se viver”, afirma. Fluente em português, espanhol e inglês, e com vasta experiência no mercado financeiro, o executivo é o responsável por montar as operações na região, considerada altamente estratégica para a companhia.
“A bolsa brasileira tem hoje 5 milhões de CPFs. Mas não estamos aqui pelos 5 milhões. Estamos aqui pelo potencial de crescimento desse mercado”, diz Guerrero.
Devido ao período de silêncio pré-listagem na Nasdaq, Guerrero não pôde divulgar quantos usuários a Webull possui no Brasil, mas afirmou que a decisão de vir para o país foi baseada na quantidade de investidores que já utilizavam a plataforma.
Com sede na Flórida, a Webull foi criada há oito anos pelo chinês Anquan Wang, com o objetivo de ser um “terminal Bloomberg” para investidores de varejo. Oferecendo informações financeiras gratuitas e uma interface amigável, a plataforma se popularizou em meio à expansão do mercado americano nos últimos anos, tornando-se também uma plataforma de negociação.
Um dos trunfos da Webull foi o mercado de opções americano, que cresceu 44% em volume de contratos negociados nos últimos três anos. Esse crescimento consolidou a empresa como a sétima maior corretora dos Estados Unidos em volume de opções. O rápido avanço chamou a atenção de grandes fundos de private equity, como General Atlantic e Rothschild Capital Management, que realizaram aportes na companhia, atualmente avaliada em US$ 7,3 bilhões. A listagem na Nasdaq, por meio de fusão com uma SPAC, está prevista para entre o fim deste ano e o primeiro trimestre do ano que vem.
Hoje, além de fornecer informações financeiras sobre companhias e mercados globais, a Webull oferece aos investidores brasileiros acesso direto ao mercado americano. O plano é viabilizar, o quanto antes, a possibilidade de negociações no mercado local. Para isso, a empresa adquiriu a corretora mineira H.H. Picchioni, buscando acelerar a obtenção de licença para operar no Brasil. No entanto, a operação ainda aguarda o aval do Banco Central.
“Fizemos a compra da H.H. Picchioni apenas pela licença. Poderíamos ter adquirido uma corretora já com uma base de clientes consolidada, mas preferimos o crescimento orgânico”, afirma Guerrero.
Enquanto isso, a Webull tem acelerado sua base de clientes por meio de serviços bancários e campanhas publicitárias. Uma das principais apostas é um cartão de crédito e débito em dólar, isento de IOF, taxas de manutenção e de abertura.
"O cliente não precisa fazer uma remessa para o Brasil para acessar seu dinheiro. Ele usa o cartão diretamente, tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil”, explica Guerrero.
O dinheiro depositado na conta é remunerado a taxas de juros americanas, e os gastos com o cartão são convertidos em pontos, que podem ser resgatados em lojas parceiras, como Centauro e C&A.
“O Cartão Global foi uma das primeiras iniciativas lançadas no Brasil, destacando a importância do mercado para nossa estratégia global. Ele ajuda a conectar os investidores locais ao mercado internacional, sendo um passo crucial para replicarmos esse modelo em outros países da América Latina, como México e Colômbia.”
Outra frente de atuação tem sido o investimento em marketing, liderado por Fábio Trevisan, ex-CEO da Kondzilla e um dos fundadores do InvestNews, canal de notícias do Nubank.
A principal iniciativa até agora foi a parceria com a influenciadora de finanças Nathalia Arcuri, que se tornou embaixadora da marca no Brasil. “Por questões estruturais, as mulheres ainda têm menos acesso a produtos financeiros. Mas, com a parceria, conseguimos ampliar significativamente nossa base de clientes femininas”, destaca Trevisan.
Uma das maiores apostas de marketing da Webull ocorrerá em novembro, com a veiculação da marca em conteúdos da Esportudo sobre a NFL.
“Eles são a maior plataforma de cobertura de futebol americano no Brasil, e a ideia é integrar nossa marca a um público que já possui forte conexão com a cultura americana, criando um vínculo natural com os produtos financeiros da Webull”, afirma Trevisan.