Invest

Como um país africano pode mudar a dinâmica do mercado de diamantes

Duma Boko afirmou que o governo já iniciou medidas concretas para adquirir a participação da Anglo American na mineradora de diamantes, responsável por 80% das exportações do país

Publicado em 11 de novembro de 2025 às 05h51.

O presidente do Botsuana, Duma Boko, reiterou que o governo pretende assumir o controle majoritário da De Beers, atualmente detido pela Anglo American. De acordo com a Bloomberg, a declaração foi feita durante o discurso anual em Gaborone, capital do país africano, e reforça o compromisso do Estado em ampliar sua participação no setor de diamantes.

Boko afirmou que a administração já colocou em andamento medidas concretas para viabilizar a aquisição das ações da Anglo, que busca se desfazer de sua fatia de 85% na companhia. Botsuana, que detém os 15% restantes, tem na mineração de diamantes a base de sua economia — o setor responde por cerca de 80% das exportações nacionais.

Governo negocia financiamento e enfrenta disputa com Angola

A Anglo American decidiu vender a De Beers como parte de um processo de reestruturação corporativa iniciado há cerca de 18 meses, em meio à queda da demanda global por diamantes e ao avanço das pedras sintéticas, de custo mais baixo. Mesmo com o cenário adverso, Boko destacou que os diamantes devem continuar a desempenhar um papel central no crescimento econômico e na transformação do país, ainda que o governo busque diversificar a atividade mineradora.

Em setembro, o presidente havia indicado que pretendia concluir o acordo até o fim de outubro e mencionou conversas com diferentes parceiros financeiros, incluindo um fundo soberano de Omã, para ajudar a financiar a operação, segundo a Bloomberg.

Botsuana, porém, não é o único interessado na fatia da Anglo. José Manuel Ganga Júnior, diretor-executivo da Endiama EP, estatal angolana de diamantes, declarou recentemente que apresentou proposta para adquirir toda a participação da empresa britânica. Após uma reunião entre os ministros de recursos naturais dos dois países, representantes de Angola e Botsuana afirmaram compartilhar a intenção de reativar a demanda global por diamantes naturais.

Além da disputa entre governos, grupos de investidores liderados por ex-executivos da De Beers também demonstraram interesse na compra da companhia desde o início do processo formal de venda, em junho.

Acompanhe tudo sobre:Anglo AmericanÁfricaMetais

Mais de Invest

Estoque de prata do mercado de Londres dispara e equivale ao peso de mais de 100 ônibus

Lucro trimestral da Itaúsa sobre para R$ 4,1 bi: dividendo à vista?

Azzas lucra R$ 201 milhões no 3º tri e anuncia volta da Hering a Blumenau

No primeiro balanço após fusão, MBRF tem receita trimestral de R$ 42 bi