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Como um Nobel de Fisiologia explica o mercado com um cão

Investidores veem o mercado como ‘seguro’ quando está em alta e arriscado em baixa

Cachorro observa garota comendo (Miguel Villagran/ Getty Images)

Cachorro observa garota comendo (Miguel Villagran/ Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 25 de setembro de 2012 às 10h33.

São Paulo – O comportamento de um cachorro diante da sua comida, ou de um sinal que a representa, ajuda a entender o sentimento do investidor em relação a um mercado de ações em alta ou em queda. Os operadores tendem a pensar que o mercado está “seguro” quanto está em alta e arriscado quando em queda.

A analogia com a resposta de um cão ao ser estimulado por um alimento foi realizada por Pater Tenebrarum, um analista independente que atua no mercado financeiro e escreve em seu blog Acting Man, sempre com a visão do ponto de vista da escola econômica Austríaca. Tenebrarum recorre à teoria do cientista russo Ivan Petrovich Pavlov, Nobel de Fisiologia em 1904.

O cachorro de Pavlov

Enquanto estudava o sistema digestivo humano, Pavlov também estudou os fenômenos que estimulavam a formação da saliva. Quando um cão visualiza um alimento, a saliva começa a ser produzida pelas glândulas salivares com o objetivo de facilitar a digestão da comida, já que possui enzimas que quebram certos componentes do alimento.

O cientista, entretanto, se interessou pelos casos nos quais os cães salivavam sem o estímulo do alimento. Ele percebeu que os animais estavam reagindo aos jalecos dos cientistas que traziam a comida até ele. Ou seja, os cães quando viam os jalecos os associavam com a chegada do alimento e então começavam a salivar.

O mercado

Em seu texto “Pavlov’s dog”, Tenebrarum explica que os investidores tendem a ficar otimistas (salivando) assim que os índices começam a subir. 


“Quanto maior o rali, mais seguro as águas parecem ser, e o oposto acontece para as quedas. Na mínima de março de 2009, o índice diário do sentimento do mercado de ações (DSI, medida de sentimento para operadores de futuros) tinha caído para o recorde de baixa de 3%. Em outras palavras, 97% dos operadores estavam pessimistas no ponto de compra de menor risco dos últimos 15 anos”, explica.

Segundo ele, por alguma razão a alta dos preços indica um futuro mais certo, o que aumenta a confiança. 

“A incerteza, ao contrário, é associada com a queda e volatilidade das ações. Na verdade, o futuro é sempre incerto. A maioria das pessoas parece considerar a participação em um ciclo de alta do mercado como uma garantia de um futuro brilhante, quando o que realmente aconteceu é que eles tiveram uma sorte temporária”, ressalta.

O gráfico abaixo mostra o índice de apetite por risco, uma mistura dos índices de risco do Citigroup, Westpac e do UBS, comparado com o S&P 500.

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