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Como esta gestora brasileira surfou onda das bolsas americanas e rendeu 400% em 5 anos

Arbor Capital, do Rio de Janeiro, tem focado investimentos em empresas de tecnologia, mas acredita que as melhores oportunidades dos próximos anos estarão além das Sete Magníficas

Arbor Capita (André Valentim/Exame)

Arbor Capita (André Valentim/Exame)

Publicado em 23 de junho de 2024 às 12h21.

A disparidade de desempenho entre os mercados brasileiro e americano voltou a se evidenciar na última semana, com o Ibovespa tocando o menor patamar do ano, enquanto o S&P 500 renovava suas máximas históricas. No ano, o principal índice da B3 acumula cerca de 10% de queda, enquanto o S&P 500 subiu 15%. Nesse cenário, a gestora carioca Arbor Capital tem alcançado a maior rentabilidade de sua história.

Desde o início, em 2015, o principal fundo da casa acumula 475% de retorno contra 160% do S&P 500 e 132% do Ibovespa. A maior geração de alfa ocorreu a partir de 2019, primeiro ano completo do atual gestor e sócio da Arbor, Leonardo Otero. Nesses pouco mais de cinco anos, o fundo rendeu 400%, contra 118% do S&P e míseros 32% do Ibovespa. Vale destacar que o fundo possui proteção cambial, e, portanto, não foi beneficiado pela valorização do dólar.

Apple e Microsoft, que na época atingiam pela primeira vez a marca de US$ 1 trilhão em valor de mercado, já mais do que triplicaram de preço. Otero conta que, até hoje, a Microsoft ocupa posição relevante na carteira do fundo. "A Microsoft está há oito anos na carteira. É uma empresa que representa a tendência em inteligência artificial, e, por ser AAA (nota de crédito), consegue empréstimos com o mesmo custo do governo americano. É muito difícil não ter um retorno satisfatório com uma ação dessas", afirma Otero.

A Microsoft, assim como a Apple e o Google, fazem parte de um grupo das principais big techs apelidadas de Sete Magníficas. Tesla, Amazon, Meta e Nvidia completam a lista. Essas sete companhias foram responsáveis neste ano por dois terços da rentabilidade do S&P 500, que, como sugere o nome, é formado por 500 empresas. A Nvidia, principal expoente das big techs americanas, correspondeu sozinha a cerca de um terço da alta, mais do que dobrando de preço somente neste ano. Principal desenvolvedora de chips para rodar inteligência artificial, a companhia é comparada a fabricantes de picaretas durante a corrida do ouro. Ninguém sabe quem ganhará a corrida do ouro, mas é certo que precisarão de equipamentos.

Em cinco anos, as ações da Nvidia subiram 3.240%. Otero, apesar de tantos acertos, lamenta ter mantido uma posição "muito mais baixa" em Nvidia nos últimos anos, mas descarta qualquer possibilidade de a valorização das ações ser uma "bolha". "Está longe disso. Mas os preços estão 10% a 15% acima do que estariam se não fosse a euforia do mercado com inteligência artificial. Tem muito trading. Muitos participantes de mercado operam o momento. Então o fluxo vai para quem está ganhando. Tem muito comportamento de preços que é difícil de atribuir a uma racionalidade."

Oportunidade além das Sete Magníficas

Dado os níveis de preços, Otero prefere as ações da TSMC, empresa de Taiwan que fabrica os chips da Nvidia, Apple e outras desenvolvedoras. A companhia, que é uma das grandes apostas da Arbor, subiu cerca de 70% no ano e mais de 300% desde 2019. "Ao investir em TSMC, ficamos muito mais protegidos da discussão sobre quem será a liderança tecnológica. E a grande barreira de entrada da TSMC é que ela é 20 vezes maior do que a segunda maior fabricante do setor."

Apesar dos ganhos robustos atribuídos ao setor de tecnologia, Otero conta que vem revisitando as teses e diminuindo algumas de suas posições. "Tem dez empresas que estão subindo muito e, por mais doloroso que seja, temos vendido algumas ações e comprado empresas que ficaram para trás. Acredito que a alta da bolsa americana nos próximos 24 ou 36 meses será puxada por ações que estão fora das Sete Magníficas. Não costumamos zerar as posições, mas diminuímos bastante. Gostamos da ideia do 'time que está ganhando não se mexe'. Mas, às vezes, é preciso mexer um pouco."

Uma das discussões que vem observando atentamente é sobre a potencial necessidade de uma maior geração de energia para alimentar a infraestrutura relacionada à inteligência artificial. "É um grande tema de longo prazo. A narrativa é de que os data centers com chips de inteligência artificial consomem mais energia e, por isso, haveria um problema de energia nos Estados Unidos. Mas há várias premissas nessa tese, especialmente sobre o consumo de energia, que o mercado já errou para cima ou para baixo no passado. Dito isso, o mercado está operando como se já tivesse um problema de energia nos Estados Unidos. Estamos estudando essa tese", afirma.

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