A paranaense Copel também pode ganhar com a alta dos preços no mercado à vista (NANI GOIS)
Da Redação
Publicado em 9 de janeiro de 2013 às 14h57.
São Paulo – O medo de racionamento de energia tem ajudado às ações da geradora de energia de São Paulo, a Cesp (CESP6). Os papéis da empresa, que não aceitou as regras de renovação de concessões impostas pelo Governo Federal como maneira de reduzir as tarifas de energia, podem ser beneficiados pela alta dos preços no mercado à vista.
Isso acontece porque a empresa tem parte da sua energia não contratada, ou seja, pode ganhar com o aumento recente dos preços no mercado spot semanal. No início do ano, os preços chegaram a superar 550 reais o Megawatt (MWh), enquanto o normal é um nível abaixo de 50 reais o MWh, lembra o JP Morgan em um relatório.
Segundo os analistas Gabriel Salas e Pedro Manfredini, a chance de um racionamento é inferior a 10% mesmo se a temporada de chuvas de 2011/2012 seja similar àquela de 2000/2001, quando houve o racionamento.
A visão é compartilhada pelo HSBC. O analista Eduardo Gomide explica que é impossível prever a chance de um racionamento antes de fevereiro.
“Os próximos três meses (período janeiro-março) historicamente têm apresentado os níveis pluviométricos mais altos. Nesses três meses, a energia natural afluente média representa, respectivamente, 163%, 172% e 159% da média histórica mensal. Portanto, em nossa opinião, é impossível prever um risco de racionamento antes do fim de fevereiro (o mês com nível pluviométrico mais alto)”, ressalta em um relatório.
Quem ganha
Apesar de a notícia parecer ruim para a maioria das elétricas, e de fato é, duas delas podem sair beneficiadas. A CESP pode ganhar com a alta dos preços do mercado spot porque tem aproximadamente 17% da energia produzida não contratada, ou seja, a empresa paulista pode vendê-la no mercado e aproveitar o momento.
As ações têm a maior alta desta quarta-feira. Na máxima do dia, a valorização chegou a 7,2%.
Segundo os cálculos do JP Morgan, o ganho pode ficar entre 500 e 550 milhões de reais considerando uma média de preço de200 reais/MWh. Outra que pode ganhar com isso é a Copel (CPLE6), que tem 7% de energia disponível. As receitas adicionais podem engordar o caixa da paranaense entre 100 a 150 milhões de reais.
Vale lembrar que ambas não aceitaram os termos propostos pelo Governo Federal para as novas e renovações de concessões para o corte de tarifas esperado para este ano.
A teimosia de São Pedro, portanto, por enquanto tem beneficiado ao menos duas empresas do combalido setor elétrico brasileiro na bolsa.