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Como a onda democrata pode impactar a aposta global em títulos

O controle do Senado pelos democratas reforçou a expectativa entre operadores de que gastos públicos generosos estão a caminho nos EUA

 (Marcos Santos/USP Imagens/USP Imagens)

(Marcos Santos/USP Imagens/USP Imagens)

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Beatriz Quesada

Publicado em 7 de janeiro de 2021 às 14h52.

Última atualização em 7 de janeiro de 2021 às 19h12.

(Bloomberg) -- Investidores que apostam em uma recuperação mais rápida da economia dos Estados Unidos do que na Europa estão atentos ao aumento da diferença de juros entre as duas regiões. O objetivo é atualizar a estratégia global para alocação de títulos.

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Os preços dos títulos do Tesouro dos EUA despencaram nesta semana, o que colocou os rendimentos dos papéis de 10 anos acima de 1%. Isso porque o controle do Senado pelos democratas reforçou a expectativa entre operadores de que gastos públicos generosos estão a caminho. Do outro lado do Atlântico, os títulos alemães, a dívida de referência da Europa, permaneceram ancorados, o que levou à maior diferença de rendimento em relação aos Treasuries desde março.

“Este é o tema principal para 2021”, disse Antoine Bouvet, estrategista sênior de juros do ING, que projeta o spread dos títulos de 10 anos em 200 pontos-base no primeiro semestre do ano, em relação a cerca de 157 atualmente. “O cenário favorece que o diferencial dos juros [entre EUA e Europa] se amplie ainda mais.”

Investidores precificam mais estímulos fiscais nos Estados Unidos após a vitória dos democratas no segundo turno das eleições do Senado na Geórgia, enquanto vacinas contra o coronavírus também são distribuídas. As clássicas apostas de reflação -- como o posicionamento para uma curva de juros mais inclinada -- também estão de volta.

Já no velho continente, a recuperação deve ser mais lenta. O Banco Central Europeu também tem injetado trilhões de euros nos mercados de títulos por meio do programa da pandemia, o que limita o aumento dos rendimentos. A taxa dos títulos alemães de 10 anos é negociada em território negativo, em -0,51%.

Após a crise financeira, o Federal Reserve foi o único grande banco central a conduzir um ciclo significativo de aumento dos juros, enquanto o Banco Central Europeu não eleva as taxas desde 2011. Em 2018, o spread do rendimento de 10 anos entre títulos do Tesouro dos EUA e os chamados bunds da Alemanha havia superado 275 pontos-base, o nível mais alto desde pelo menos 1989.

A divergência nas expectativas de recuperação da inflação agora pode ser observada no ponto de equilíbrio de 10 anos nos EUA, que ultrapassou 2%, o maior patamar desde 2018. A taxa equivalente na Alemanha permanece abaixo de 1%.

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