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Como a indústria de fundos cresceu 721% e chegou a R$ 5,3 trilhões

Descentralização e avanço da tecnologia atraíram investidores e viabilizaram gestoras independentes, diz pesquisa

 (Caroline Purser / The Image Bank/Getty Images)

(Caroline Purser / The Image Bank/Getty Images)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 12 de março de 2021 às 09h23.

Última atualização em 12 de março de 2021 às 09h26.

O pequeno investidor que resolvesse aplicar em um fundo de investimento 15 anos atrás encontraria um cenário bastante diferente, com muitas portas fechadas e poucos produtos disponíveis. 

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Essa realidade, porém, foi moldada pelo surgimento de novas plataformas e o advento da tecnologia no acesso a investimentos. Isso é o que afirma Felipe Ferreira, pesquisador e diretor da empresa de serviços financeiros B2B Comdinheiro.

Segundo ele , a possibilidade de investir por meios digitais, sem ter que bater à porta de grandes instituições financeiras, foi e é o principal motor do desenvolvimento da indústria de fundos no Brasil.

Entre 2005 e 2020, a soma do valor alocado em todos os fundos brasileiros passou teve alta de 721%, passando de 640 bilhões de reais para 5,3 trilhões de reais, segundo pesquisa da Comdinheiro.

“Isso é resultado da maior acessibilidade dos investidores pessoa física a investimentos mais sofisticados com a ajuda dos meios digitais. Hoje em dia é cada vez mais comum abrir o aplicativo e comprar um ativo ou cota de um fundo. Isso tende a ser o grande motor do mercado brasileiro, e já vem sendo”, afirma.

Os investimentos em fundos por meio de aplicativos, de acordo com o levantamento, já soma 210 bilhões de reais. A quantidade, embora pequena em relação ao todo, representa um crescimento de 6.900% em relação à de 2012. Ferreira explica que o número ainda é relativamente pequeno porque os grandes investidores já estavam no mercado, independentemente se havia aplicativo com interface amigável ou não.

"A renda média do Brasil é baixa. É como ocorre na bolsa, que passou de 1 milhão de investidores pessoas físicas para mais de 3 milhões, mas eles ainda não representam nem a metade do todo volume investido. Os novos investidores não ocuparam todo o espaço, mas sem dúvida é o principal motor de tração para os próximos anos", diz.

Mas o acesso facilitado a ativos e fundos de investimento não beneficiaram apenas os pequenos investidores, conta Ferreira, mas também as gestoras.

“Antes, independente da rentabilidade atingida, era praticamente impossível ter uma pequena gestora, com fundos de 50 milhões de reais, porque eram os grandes bancos que selecionavam e distribuíam os fundos. Hoje, com a tecnologia, elas conseguem acessar quase que diretamente a pessoa física.”

De acordo com a pesquisa, o número de gestores saiu de cerca de 400 em 2008 para 700 até o ano passado. E a quantidade só não é maior porque entre 2014 e 2016 alguns ficaram pelo caminho com a piora do cenário interno para investimentos.

“Quando se passa por momentos de crise, investidores voam para ativos de menor risco. Nessa fuga, muitas gestoras fecham. Mas a reascensão em 2020 não é por motivo cíclico, até porque o mercado não está em seu melhor momento, muito menos a economia. Porém, hoje eles têm mais acesso aos investidores e cada vez menos precisam de grandes estruturas", afirma.

O menor custo de gestão e distribuição também tem resultado na queda da taxa de administração dos fundos com mais de 1.000 cotistas, que segundo a pesquisa caiu da média de 1,2% em 2010 para 0,8% em 2018. A tendência, porém, se inverteu a partir de então, com a taxa média subindo a 1% em 2020. A alta, segundo Ferreira, está relacionada com a busca por fundos de maior complexidade.

O período coincide com o do ciclo de corte de juros, que levou investidores a assumirem maiores posições em ativos de risco, como ações ou crédito privado, que demandam maior análise e, consequentemente, custos.

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