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Como a Gol virou uma ação de centavos — e por que isso ameaça sua permanência na bolsa

B3 deu prazo para que a empresa deixe de ser um 'penny stock' até janeiro do ano que vem

Ação da Gol vale menos que um centavo (Gol/Divulgação)

Ação da Gol vale menos que um centavo (Gol/Divulgação)

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 1 de outubro de 2025 às 06h00.

As ações da companhia aérea Gol (GOLL54) faz parte de um grupo de empresas que viraram pó na bolsa desde o início da pandemia. Os papéis acumulam queda de quase 99% em cinco anos, período que foi atravessado pela entrada e saída da empresa no Chapter 11, a lei de falências dos Estados Unidos, equivalente a uma recuperação judicial no Brasil.

A empresa recebeu ultimato da B3 para reenquadrar a cotação de suas ações. As regras da bolsa brasileira impedem que papéis fechem abaixo de R$ 1 por 30 pregões consecutivos, sob pena de multa, suspensão de negociações do papel e a possibilidade de exclusão do registro da empresa.

A Gol tem até 29 de janeiro para reenquadrar a cotação de suas ações. Empresas nessa situação costumam fazer recompras ou grupamento de ações. A companhia, no entanto, ainda não detalhou quais providências pretende adotar.

Com a fusão com a Azul (AZUL4) descartada, o papel chegou a esboçar uma reação positiva, mas também momentânea, levando a ação à estaca zero.

Hoje, no home broker, a cotação aparece na casa dos R$ 5, mas o valor corresponde a um lote padrão de 1.000 ações preferenciais. Ou seja, cada papel vale, na verdade, menos de um centavo.  Ações com esse valor são chamadas de penny stocks e têm altíssima volatilidade.

Ações foram diluídas após saída do Chapter 11

A situação é reflexo direto da reestruturação financeira concluída neste ano. Em junho, a empresa saiu do processo do Chapter 11 após um aumento de capital da ordem de R$ 12 bilhões.

A operação resultou em forte diluição acionária, de 99,8%, e fez com que a Abra Group, controladora da Gol, passasse a deter cerca de 80% da totalidade das ações ordinárias e preferenciais.

No total, foram emitidos 8,1 trilhões de ações ordinárias ao preço de R$ 0,00029 cada e 968,8 bilhões de ações preferenciais a R$ 0,01 por papel.

Desde então, as ações passaram a ter fator de cotação baseado em lotes de 1.000 ações, com lote padrão de negociação também de 1.000 unidades.

Com a fusão com a Azul (AZUL4) descartada e sem perspectiva de que os papéis retornem ao patamar de R$ 1,00, a alternativa mais provável para a Gol é realizar um grupamento de ações a fim de atender às exigências da B3.

Alavancagem elevada

Apesar da reestruturação e da capitalização bilionária, a alavancagem da Gol continua elevada, em 5,4 vezes, considerando a relação entre dívida líquida e Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização). Esse nível ainda pressiona a percepção de risco da empresa e mantém desafios relevantes para sua recuperação operacional.

Na frente operacional, a Gol registrou Ebitda recorrente R$ 1,134 bilhão no segundo trimestre de 2025, um crescimento de 67,7% em relação a um ano antes.

Já o prejuízo líquido foi de R$ 1,532 bilhão no período, uma redução de 60,8% frente ao prejuízo do segundo trimestre de 2024.

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