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Como a cidade-sede da Toyota está se preparando para as tarifas de Trump

Toyota City é responsável por 3% do PIB japonês e seu maior mercado consumidor são os Estados Unidos; custo adicional das tarifas para o setor automotivo japonês pode chegar a US$ 25 bi

Toyota: tarifas de Trump podem gerar custo adicional de US$ 25 bi ao setor (Germano Lüders/Exame)

Toyota: tarifas de Trump podem gerar custo adicional de US$ 25 bi ao setor (Germano Lüders/Exame)

Luiza Vilela
Luiza Vilela

Repórter de POP

Publicado em 11 de abril de 2025 às 15h05.

Última atualização em 11 de abril de 2025 às 15h05.

A guerra tarifária causada pelo governo Donald Trump parece estar afetando mais a China — e o "toma lá da cá" ainda vai se desenrolar nos próximos dias, é certo —, mas quem está sentido o impacto na Ásia é o Japão. O setor automotivo, principalmente.

A Toyota City, cidade industrial do Japão que abriga a sede da Toyota Motor Corp. e mais de 400 mil moradores, está entre as regiões mais afetadas. A produção local é responsável por cerca de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) japonês, e seu maior mercado consumidor fica nos Estados Unidos, que impôs tarifas de 25% sobre veículos e peças automotivas fabricados fora do país.

A medida, que já entrou em vigor no começo de abril, ameaça gerar um custo adicional de US$ 25 bilhões por ano para o setor, segundo estimativas do UBS. Parte pela própria exportação, parte pelas tarifas que incide sobre peças essenciais, como motores e transmissões, que aumentam ainda mais o custo dos veículos japoneses no mercado americano.

De imediato, fontes ouvidas pelo The Washington Post na cidade de Toyota anunciam expectativa de queda nas vendas e pressão nos lucros da Toyota. Consequentemente, o custo adicional vai afetar as cadeias de fornecimento no Japão.

E dá para minimizar o impacto?

Apesar de a administração Trump ter reduzido a tarifa sobre veículos japoneses para 10% temporariamente, enquanto as negociações comerciais seguem, as incertezas permanecem. Há temor de uma escalada nas tarifas comprometa empregos, salários e o consumo interno em regiões dependentes da indústria automotiva.

Segundo analistas do setor ouvidos pelo WSJ, a Toyota deverá absorver até metade do impacto financeiro das novas tarifas — e pretende adotar estratégias para mitigar as perdas. A montadora já possui forte presença fabril nos Estados Unidos, no México e no Canadá e pode ampliar a produção em solo americano para cortar custos fixos.

Ainda assim, os especialistas alertam que transferir linhas de produção ou reformular a cadeia de suprimentos não é uma solução rápida “A complexidade logística da indústria automotiva impede mudanças estruturais em poucos anos”, afirmou Vivek Vaidya, consultor da Frost & Sullivan, à reportagem do WSJ.

Enquanto isso, fornecedores menores, com menor capacidade de adaptação, podem ser forçados a revisar seus negócios ou enfrentar riscos de falência.

O peso do mercado americano

De acordo com dados do Mitsubishi Research Institute, mais da metade dos carros japoneses já é produzida na América do Norte, um reflexo de acordos comerciais firmados na década de 1980. No entanto, as novas tarifas consideram a origem das peças, o que mantém a vulnerabilidade dos produtos que utilizam componentes fabricados fora dos Estados Unidos.

A dependência do mercado americano é um desafio crítico e os analistas apontam que não há mercado capaz de substituir a demanda dos Estados Unidos pelas exportações japonesas no curto prazo.

O uso das fábricas em outros países com taxas mais amenas também pode ser levado em consideração. A Toyota tem três fábricas no Brasil, em Indaiatuba, Sorocaba e Porto Feliz, no estado de São Paulo, que havia recebido uma taxação menor vinda dos EUA. No entanto, caso as tarifas de 10% de 90 dias sejam mantidas para todos os parceiros comerciais do país americano, o cenário fica mais incerto.

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