Plataforma de petróleo da Petrobras: alta da commodity pode não se refletir em maior crescimento da economia, adverte resseguradora (Germano Lüders/Exame)
Da Redação
Publicado em 28 de março de 2022 às 16h08.
Última atualização em 28 de março de 2022 às 17h23.
A forte valorização dos preços de commodities tem impulsionado as cotações de empresas produtoras e exportadoras na bolsa brasileira, bem como sustentado a tendência de desvalorização do dólar ante o real. São dois movimentos em geral associados ao crescimento da atividade econômica no país, mas, desta vez, a situação é diferente, alerta o braço de pesquisas da resseguradora Swiss Re, uma das maiores do mundo, em relatório recém-divulgado.
"Desta vez, um cenário de inflação alta, condições financeiras mais apertadas e elevada incerteza política provavelmente vai superar os efeitos positivos [decorrente da alta das commodities] e esperamos que 2022 seja um ano de crescimento econômico sem brilho. Com pouco espaço, a política fiscal ficará limitada a mitigar o impacto dos aumentos de preços de alimentos básicos", apontam Fernando Casanova Aizpún e Caroline Cabral, economistas sêniores do Swiss Re Institute que assinam o relatório.
Segundo o relatório, o quadro econômico das principais economias da América Latina se agrava com a guerra da Rússia contra a Ucrânia em quatro frentes:
"O cenário atual para crescimento é muito diferente daquele do superciclo de commodities nos anos 2000, que foi alimentado pela forte demanda da China para sustentar o crescimento da infraestrutura e industrial."
Com uma visão pessimista, o Swiss Re Institute revisou não só as perspectivas de crescimento para as principais economias da América Latina para baixo como as estimativas de inflação para cima. No caso do Brasil, as projeções de expansão do PIB caíram de 0,4% para zero; e de inflação subiram de 7,9% para 9,2% em 2022.
"O risco de recessão aumentou, mais notadamente no Brasil, que está deslizando para o território da estagflação", apontam os autores do relatório.
Em reação a esse cenário, Casanova Aizpún e Cabral dizem esperar medidas de alívio tributário e de subsídios dos governos dos países da região para amenizar os impactos da inflação elevada, mas reiteraram que elas acontecerão em um quadro de finanças públicas já estressadas.