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Commodities agrícolas têm série de altas mais longa em 3 décadas

Guerra na Ucrânia, reabertura da China e secas impulsionaram a inflação global de alimentos

Commodities: preços dos alimentos aumentaram em 2022 e incerteza sobre 2023 é alta (JC Patricio/Getty Images)

Commodities: preços dos alimentos aumentaram em 2022 e incerteza sobre 2023 é alta (JC Patricio/Getty Images)

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Bloomberg

Publicado em 2 de janeiro de 2023 às 16h13.

Última atualização em 2 de janeiro de 2023 às 16h26.

As commodities agrícolas tiveram a maior sequência de altas anuais desde pelo menos o início da década de 1990, com secas e guerra dando impulso à inflação global de alimentos.

O índice Bloomberg de preços agrícolas — que acompanha as cotações de referência de nove das safras mais comercializadas do mundo — subiu cerca de 6,5% em 2022, o quarto aumento anual consecutivo. Isso elevou os custos do pão, ração animal e biocombustíveis, exacerbou a fome e agravou a crise global de custo de vida.

O indicador atingiu um recorde no início do ano que terminou, quando a invasão russa da Ucrânia sufocou o fornecimento de milho, trigo e óleo de cozinha de uma região tida como celeiro da Europa. Os preços caíram desde então, mas secas e ondas de frio em outras regiões produtoras também ameaçam o abastecimento, enquanto custos altos de energia e fertilizante prejudicam agricultores.

Outro fator de alta é a reabertura da China. A demanda do principal consumidor de commodities agrícolas do mundo provavelmente aumentará depois que a atual onda de infecções por covid diminuir. Os estoques globais de grãos devem encolher pelo sexto ano-safra consecutivo, estima o Conselho Internacional de Grãos.

“Os preços dos alimentos aumentaram em 2022 e a incerteza sobre 2023 é alta”, disseram analistas do Rabobank, incluindo Maria Castroviejo, em relatório. “Os operadores de serviços de alimentação precisam assumir que os custos permanecerão elevados.”

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O milho teve seu quinto ano consecutivo de ganhos, a maior seqüência desde pelo menos a década de 1960, e a soja subiu pelo quarto ano. Os preços de laticínios e carne, que não são rastreados pelo índice, também subiram à medida que produtores reduziram rebanhos e enfrentaram surtos de doenças.

Um corredor seguro para exportação de safras de grãos da Ucrânia aumentou significativamente os embarques do país em meio à guerra. Mesmo assim, a inspeção lenta de navios e ataques à infraestrutura do país dificultam o comércio, e os produtores cortaram o plantio para a próxima safra.

Os futuros de trigo em Chicago chegaram a subir 70% após a invasão da Ucrânia, mas a alta diminuiu quando a Rússia colheu uma safra recorde.

O café arábica, por outro lado, teve sua maior queda anual desde 2012. A demanda mudou para uma tendência de baixa, disse Kona Haque, chefe de pesquisa da operadora de commodities ED&F Man Holdings.

O açúcar subiu mais de 6% em 2022, com secas que atingiram a produção de beterraba na Europa e de cana-de-açúcar no Brasil. Espera-se que o aperto na oferta global seja aliviado até abril quando começar a nova colheita brasileira.

O suco de laranja subiu mais de 40% no ano, impulsionado pela destruição de colheitas na Flórida por furacão, geada e insetos.

— Com a colaboração de Samuel Gebre, Tarso Veloso, Dayanne Sousa e Michael Hirtzer.

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