Redatora
Publicado em 2 de setembro de 2025 às 09h37.
O bilionário Ray Dalio, fundador do hedge fund Bridgewater Associates, disse que os Estados Unidos estão caminhando para uma política de estilo autocrático semelhante à dos anos 1930.
Para ele, investidores de Wall Street evitam criticar o presidente Donald Trump por medo de retaliação, segundo o Financial Times.
Dalio afirmou que as crescentes desigualdades de renda e valores, além da queda na confiança institucional, estão impulsionando medidas mais radicais. Ele comparou o cenário atual ao período de crises políticas e econômicas entre as décadas de 1930 e 1940.
Um dos exemplos citados por Dalio foi a decisão de Trump de adquirir participação de 10% na fabricante de chips Intel, movimento que classificou como expressão de uma liderança autocrática voltada a controlar a economia.
Ele também criticou a recente tentativa do presidente de demitir uma diretora do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) e a indicação de um aliado próximo para o conselho da instituição.
Para Dalio, a pressão política por cortes rápidos de juros ameaça a credibilidade do Fed. Ele advertiu que a confiança no dólar pode ser abalada se investidores internacionais seguirem migrando de títulos do Tesouro para o ouro.
O investidor disse ainda que os déficits fiscais crescentes e o endividamento insustentável levaram os EUA à beira de uma crise da dívida. Em suas palavras, “os grandes excessos projetados como resultado do novo orçamento provavelmente causarão um ataque cardíaco induzido pela dívida em um futuro relativamente próximo”.
Autor de livros sobre ciclos econômicos e riscos de endividamento, Dalio destacou que Washington gasta cerca de US$ 7 trilhões por ano, mas arrecada apenas US$ 5 trilhões, o que força emissões maciças de dívida em um momento de dúvidas sobre se os Treasuries continuam sendo “bons armazenadores de riqueza”.
Ele concluiu que, diante da perda de confiança fiscal, os EUA teriam duas opções ruins: permitir que os juros subam e arriscar uma crise de inadimplência, ou imprimir dinheiro para comprar dívida que não encontrasse compradores — em ambos os casos, com impacto negativo para o dólar.