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Com queda de 35% no ano, é hora de voltar a comprar ações do Magalu?

Apesar de preocupação com concorrência, que pode afetar crescimento no curto prazo, analistas dizem que queda recente do papel pode ter sido exagerada

Centro de distribuição do Magazine Luiza | Foto: Germano Lüders/EXAME (Germano Lüders/Exame)

Centro de distribuição do Magazine Luiza | Foto: Germano Lüders/EXAME (Germano Lüders/Exame)

PB

Paula Barra

Publicado em 21 de setembro de 2021 às 18h17.

Última atualização em 21 de setembro de 2021 às 20h47.

As ações do Magazine Luiza (MGLU3) caem 35% no ano, contra uma baixa de 7% do Ibovespa no mesmo período. Tal desempenho coloca os papéis entre as 10 maiores quedas do índice em 2021 até o momento. Só neste mês, a desvalorização é de quase 10%.

Diante da forte oscilação, a companhia divulgou, na semana passada, um comunicado ao mercado apontando que desconhece fato relevante que justifique a variação recente.

No entanto ela cita como possíveis explicações para o movimento: uma pesquisa mensal do comércio do IBGE e um relatório divulgado pela consultoria Yipit, que mostra uma piora nos indicadores de vendas do segmento de comércio eletrônico no Brasil entre julho e agosto.

Ambos, portanto, sem ter relação direta com seus negócios, afirma a empresa. "É importante dizer que tais notícias, de modo geral, têm efeito sobre os papéis de todo o setor", disse a varejista no documento.

O que dizem os analistas?

Apesar do cenário de curto prazo competitivo no e-commerce e da base de comparação difícil, analistas Luiz Guanais, Gabriel Disselli e Victor Rogatis, do BTG Pactual, comentaram, em relatório desta semana, que os fortes investimentos das principais empresas de logística para reduzir o tempo e os custos de entregas nos últimos anos acabaram criando uma proposta de valor diferenciada em relação aos novos entrantes.

Guanais, Disselli e Rogatis destacaram que o Magazine Luiza vem fazendo diversas aquisições para sua área de logística, desde a Logbee, em 2018, passando pela GFL Logística, SincLog e a última, a Sode, em julho deste ano. "Não descartamos mais aquisições, mas esperamos que a empresa use a enorme expertise do Luizalabs para tornar sua cadeia logística mais produtiva".

Eles comentaram que ainda veem volatilidade para os players locais de e-commerce no curto prazo (mesmo após o recente sell-off de Magalu), mas reiteraram recomendação de compra para a ação MGLU3, como "um dos principais calls estruturais" do banco. O preço-alvo segue em R$ 26,00, o que corresponde a um potencial de valorização de 57% frente ao patamar atual.

“Acreditamos que a trajetória de crescimento (orgânico e inorgânico) de MGLU continua atraente, com ganhos de participação de mercado ajudando a compensar os impactos de um consumo mais fraco”, disseram os analistas Irma Sgarz, Felipe Rached e Chandru Ravikumar, do Goldman Sachs. “Embora esperemos que o crescimento do GMV (volume bruto de mercadorias, na sigla em inglês) da empresa diminua sequencialmente, seguimos confiantes de que a MGLU possa continuar a superar o mercado".

O Goldman também reiterou recomendação de compra, com preço-alvo em R$ 25,00, potencial de alta de 52%.

Para BB e Genial, a queda é exagerada

Em relatório da última segunda-feira, a analista Georgia Jorge, do Banco do Brasil, ressaltou que o movimento recente da ação foi "exagerado". "Entendemos que esse desempenho não se justifica, dadas as diversas iniciativas que a Magazine Luiza tem em andamento e que proporcionam à companhia crescimento expressivo trimestre após trimestre mesmo com fortes bases comparativas".

Por essa razão, a analista elevou a recomendação das ações de manutenção para compra, com preço-alvo em R$ 22,90 (o menor entre os cinco bancos e corretoras apontados nesta reportagem, mas ainda representando uma possibilidade de ganhos de 40%).

Rafael Rehder e Eduardo Nishio, da Genial Investimentos, também citam que o movimento foi "exagerado". "A Bolsa de Valores costuma ser mais impactada por incertezas do que fatos. Nessas horas cabe ao investidor reavaliar os fundamentos e perspectivas futuras da empresa e, contanto que nada tenha sido estruturalmente alterado, cria-se a oportunidade de comprar bons ativos por valores muito atrativos". A corretora, contudo, segue com recomendação de manutenção para os papéis. O preço-alvo é de R$ 27,00.

Outro que manteve recomendação neutra foi o Bradesco BBI, citando que a principal preocupação do mercado com e-commerce em geral, incluindo Magazine Luiza, no Brasil é com a concorrência. "A competição acirrada já existe entre as quatro maiores plataformas e isso parece ter sido intensificado este ano com Shopee e Ali Express", comentaram Richard Cathcart, João Andrade e Renan Sartorio, do banco, em relatório da semana passada.

Eles concordam que os novos participantes não tem as vantagens competitivas que Magazine Luiza possui, como logística eficiente, rede de lojas estratégica e marca forte, e que dificilmente vão abocanhar participação de mercado da companhia no longo prazo. No entanto, apontam que: "esses players têm potencial de causar perturbações no curto prazo (como já estamos vendo no caso dos custos com marketing) e suspeitamos que seja um problema que pode continuar pesando sobre os papéis, principalmente no ambiente atual de incerteza macroeconômica e 'risk-off'".

Além da concorrência, eles comentam que têm uma visão cautelosa sobre Magalu desde o início do ano por conta de valuation e receio sobre o crescimento. Os analistas ressaltaram que os dois fatores melhoraram desde então e que, atualmente, a relação risco e retorno do papel está mais atrativa. Apesar disso, optaram por seguir com a classificação neutra. O preço-alvo foi reduzido de R$ 27,00 para R$ 25,00, mas ainda implica em um potencial de ganhos de 52%.

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