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Com prejuízo no 1º tri, Hypera (HYPE3) enfrenta dificuldades em vendas e recuperação de margens

Apesar dos esforços para otimizar o capital de giro, farmacêutica enfrenta desafios com a desaceleração nas vendas; receita caiu 40% no período

Hypera: receita sofreu queda forte, mas em linha com expectativas dos analistas (Hypera/Divulgação)

Hypera: receita sofreu queda forte, mas em linha com expectativas dos analistas (Hypera/Divulgação)

Raquel Brandão
Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 24 de abril de 2025 às 10h30.

Última atualização em 24 de abril de 2025 às 11h13.

No primeiro trimestre de 2025, a Hypera (HYPE3) apresentou um desempenho abaixo das expectativas (embora o remédio amargo fosse em parte esperado pelos analistas dos grandes bancos). A dona do Engov reverteu o lucro líquido de R$ 392 milhões no primeiro trimestre de 2024 para um prejuízo de R$ 139 milhões no nos primeiros três meses deste ano.

A empresa viu sua receita líquida cair 40,8% em relação ao mesmo período do ano anterior, fechando o trimestre em R$ 1,08 bilhão, alinhada com as estimativas dos analistas.

Esse resultado negativo foi amplamente impactado pelo processo de ajuste de capital de giro (working capital), que prejudicou o crescimento das vendas e, consequentemente, a rentabilidade da empresa. Como destacou o Safra: "O impacto do ajuste de capital de giro resultou em uma queda significativa nas receitas e lucros, com a diluição de custos fixos sendo insuficiente para compensar a queda nas vendas."

A margem bruta também sofreu uma queda expressiva, passando de 61,1% em 2024 para 47,2% no primeiro trimestre deste ano, refletindo a dificuldade da companhia em diluir seus custos fixos com a redução da receita.

Embora o desempenho operacional tenha ficado aquém das expectativas, os analistas já antecipavam um trimestre difícil devido ao plano de reestruturação em andamento. O Citi Research observou que "o P&L foi significativamente impactado pelo ajuste do capital de giro, o que arrastou o crescimento da linha superior e a rentabilidade."

Venda nas farmácias ainda preocupa

A grande preocupação, no entanto, continua sendo o desempenho do sell-out (venda ao consumidor final), que segue pressionado. A empresa registrou um crescimento de apenas 6,0% nas vendas ao varejo, ficando 5,30 pontos percentuais abaixo do crescimento médio do mercado, o que levanta preocupações sobre a continuidade dessa tendência, especialmente em um cenário de aumento das despesas com marketing e promoções.

"O sell-out continuou a desacelerar", destacou o time do Goldman Sachs. Os analistas do banco avaliam que "a contínua pressão no sell-out é preocupante, pois pode impactar a capacidade da Hypera de sustentar a recuperação e a expansão de suas margens nos próximos trimestres".

Ainda assim, a empresa está avançando no processo de ajuste de seu capital de giro, com os prazos de recebíveis sendo reduzidos para cerca de 60 dias, observa o time do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME). "O plano de ajuste de capital de giro está acelerado, com os dias de recebíveis já em linha com a meta planejada de ~60 dias, o que deve impulsionar o crescimento das vendas do segundo trimestre em diante". Isso pode ajudar a impulsionar as vendas no segundo semestre de 2025, caso o sell-out melhore.

Para os analistas, o foco agora está na recuperação das vendas e na melhoria das margens a partir do segundo trimestre de 2025, mas a atenção continua voltada para a necessidade de ajustes constantes para mitigar os impactos da concorrência no setor de medicamentos genéricos e de prescrição.

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