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Com novo CFO, Movida muda estratégia de olho em aumentar rentabilidade

Companhia renegociou dívidas, vai aumentar vida útil dos carros e buscar por contratos de frota melhores ao longo do ano

Movida: empresa foca menos em crescimento e mais em melhorar retorno ao investidor neste ano (Germano Lüders/Exame)

Movida: empresa foca menos em crescimento e mais em melhorar retorno ao investidor neste ano (Germano Lüders/Exame)

Karina Souza
Karina Souza

Repórter Exame IN

Publicado em 7 de março de 2023 às 12h25.

A Movida vai investir em uma nova estratégia para enfrentar 2023. A companhia, que renovou frota durante a pandemia e focou em crescimento apostando em veículos “premium”, agora corrige a rota diante do cenário de juros mais altos (que impactaram a alavancagem da companhia ao longo de todo o ano passado). O plano de trazer mais racionalidade para os gastos da companhia já havia sido mencionado pelo CEO, Renato Franklin, na divulgação de resultados do terceiro trimestre e ganhou ares mais práticos em janeiro, quando a Simpar (holding que controla a locadora) trocou o CFO da Movida, trazendo Gustavo Moscatelli, que estava na Vamos. O impacto das mudanças ficou claro nos resultados do ano e no call de resultados realizado nesta manhã.

A Movida teve um lucro líquido de R$ 556 milhões, 32,1% menor do que o registrado em 2021, impactado principalmente pelo aumento dos juros que, consequentemente, trouxeram um aumento significativo para o custo da dívida. A receita líquida da companhia foi de R$ 9,6 bilhões no ano, aumento de 80% na comparação com 2021, e, o Ebitda, em R$ 3,5 bilhões, aumento de 70,5% sob a mesma base de comparação. 

Os indicadores de margem, entretanto, ainda seguiram pressionados no ano. A margem bruta total fechou 2022 em 37,6%, queda de 7,2 pontos percentuais em relação ao mesmo período do ano anterior. E a margem Ebitda teve queda de 2,1 p.p., e ficou em 37%. 

A alavancagem, um dos calcanhares de aquiles da empresa ao longo dos últimos trimestres, caiu no período entre outubro e dezembro, fechando o ano em 2,8 vezes. A redução vem principalmente da gestão das dívidas da empresa, tendo como principal exemplo no quarto trimestre a recompra de bonds em US$ 25 milhões — que trouxe um ganho de US$ 6,6 milhões para a companhia. Já no início do ano, a empresa também realizou o pré-pagamento de uma dívida de R$ 1,1 bilhão. Moscatelli, o novo CFO, afirmou no call que a estratégia de usar o caixa para gerir passivos deve continuar ainda no curto prazo, de olho em aumentar a geração de valor para acionistas. 

O que esperar daqui para frente

“O último ano foi de crescimento, mas este se inicia com uma nova fase de eficiência da frota que já temos, otimização do tamanho dela e de geração de valor. A escala que conquistamos, com a frota mais nova do mercado, possibilita escolher o melhor momento para comprar e crescer, favorecendo a dinâmica de caixa. O mercado segue aquecido”, afirmou Renato Franklin, CEO da Movida, durante o call. O executivo, junto ao CFO, trouxe mais detalhes do que isso deve significar daqui para frente. 

A Movida conta, a partir de agora, com uma governança aprimorada para a compra de veículos. Mais do que buscar melhores condições com as montadoras, será usada uma inteligência adicional para escolher os melhores veículos de acordo com cada região, já identificar de largada para qual área os carros comprados serão destinados e olhar de forma mais atenta qual será o ROIC por carro comprado. 

Além disso, a companhia vai alongar a vida útil dos veículos a fim de minimizar a taxa de depreciação. “Vamos fazer gestão com nível de detalhe maior para melhorar a geração de valor para os acionistas”, afirmou Moscatelli. O novo CFO disse, ainda, que as compras realizadas para a divisão de Rent-a-Car no terceiro e quarto trimestres já estão com tíquete médio mais adequado e, que os carros comprados nos últimos doze meses com término no segundo trimestre de 2022 (mais caros, portanto) representam 24% da frota total, que hoje é formada por 111,6 mil carros. 

Além disso, no fim do ano passado, a companhia renegociou a maior parte dos contratos de GTF, aumentando a rentabilidade deles. Daqui para frente, a empresa vai focar em novos contratos já ajustados para os patamares mais altos de retorno — uma vez que o potencial para futuros ajustes é pequeno.

A mensagem, no fim das contas, ficou bastante clara: a Movida entra em uma nova fase neste ano, de olho em melhorar o próprio retorno em um ambiente de custo de capital mais caro. Ajuda a equilibrar essa conta o lado da demanda, que, segundo o CEO, Renato Franklin, segue em alta neste início de ano. “Janeiro foi um mês bastante forte. O m ercado segue muito saudável, com demanda aquecida e fundamentos ainda mais fortes. Estamos animados para o futuro e deve ficar cada vez mais claro o que a nova Movida deve ser daqui para frente”, afirmou.

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