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Com medo de 'sucessão caótica', mais rico da Europa tenta esticar 'império de luxo' até 2034

Acionistas da LVMH vão votar alteração de estatuto que permitira a Bernard Arnault ocupar cargo de CEO até os seus 85 anos

Bernard Arnault: O limite para CEO já havia sido elevado para 80 anos em 2022 (Philippe LOPEZ/Getty Images)

Bernard Arnault: O limite para CEO já havia sido elevado para 80 anos em 2022 (Philippe LOPEZ/Getty Images)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 14 de março de 2025 às 08h13.

A LVMH proporá em sua assembleia geral anual aumentar a idade de aposentadoria do CEO de 80 para 85 anos, permitindo que Bernard Arnault, o homem mais rico da Europa, de 76, permaneça no comando da maior empresa de artigos de luxo do mundo por mais tempo.

Na assembleia geral de 17 de abril, os acionistas terão que votar esta alteração aos estatutos "para harmonizar os limites de idade do presidente do conselho de administração e do gerente geral para levá-los a oitenta e cinco anos", de acordo com o boletim de anúncios legais obrigatórios.

O limite para CEO já havia sido elevado para 80 anos em 2022. Com fortuna estimada pelo ranking em tempo real da Forbes em US$ 173,6 bilhões (R$ 1 trilhão, na cotação atual), Bernard Arnault não nomeou um sucessor. Os cinco filhos do quinto mais rico do mundo trabalham para o grupo, e quatro deles fazem parte do conselho de administração.

Os filhos de Bernard Arnault e o futuro da LVMH

Delphine Arnault, de 49 anos, a mais velha dos irmãos, é CEO da Dior e membro do comitê executivo da LVMH. Antoine Arnault, de 47, é presidente da Berluti e responsável pela imagem e política ambiental da LVMH. Ele também é CEO e vice-presidente do Conselho de Administração da holding Christian Dior SE, que controla a LVMH.

Já Alexandre Arnault, de 33, é vice-CEO da Moët Hennessy, que reúne as marcas de champanhe, vinho e destilados do grupo. E Frédéric Arnault, de 30, foi nomeado CEO da Loro Piana na quarta-feira. Ele assumirá o cargo em 10 de junho. Atualmente, ele é CEO da divisão de relógios da LVMH.

Por sua vez, Jean Arnault, o caçula de 27, é diretor de marketing e desenvolvimento de relógios da Louis Vuitton. Ele é o único que não está no conselho de administração. "Ele tem tempo, é jovem", disse seu pai em janeiro de 2024.

Em julho de 2022, Bernard Arnault perpetuou o controle familiar do luxo LVMH com a reorganização da holding Agache em uma sociedade limitada. A família Arnault detém 49% do capital da LVMH e 64,81% dos direitos de voto. Em 2024, a LVMH alcançou um lucro líquido de 12,55 bilhões de euros e um faturamento de 84,7 bilhões de euros.

Preocupações com a sucessão e o futuro do grupo

O futuro imediato da LVMH, grupo global de alta costura, joalharia e bebidas alcoólicas, preocupa o seu fundador, Bernard Arnault, segundo relatos colhidos pela mídia internacional no último ano. O imperador do luxo, como já foi citado em reportagens pelo mundo, dado o domínio do grupo no segmento, organiza a sua sucessão com duas preocupações como guia.

Arnault quer manter sua família no controle total do conselho de acionistas e da gestão operacional. Mas também quer fazer o possível para evitar uma "sucessão calamitosa", como aconteceu em outros casos famosos, como o do grupo de mídia Lagardère.

Todos os meses, o pai e os filhos reúnem-se religiosamente numa sala no nono e último andar da exclusiva avenida Montaigne, número 22, coração do chamado "triângulo dourado" de Paris e sede da LVMH. A reunião mensal na sede, porém, tem um objetivo particular: é ao mesmo tempo um almoço em família, uma minireunião da diretoria e, principalmente, um curso de altíssimo nível sobre prática empresarial.

Em 2022, graças ao fascínio pelo luxo após a pandemia de Covid-19, o grupo alcançou recorde de resultados, com lucro de 14,1 bilhão de euros. A LVMH foi então alvo de críticas sobre o montante "indecente" de superdividendos recebidos pelos acionistas, a começar por Arnault e a sua família.

Em todo caso, para evitar crises familiares, estas ações são bens protegidos. Não podem ser vendidas ou transferidas por um período de 30 anos. Com isso, os cinco irmãos estão "condenados" a se entender. Por outro lado, nada foi decidido sobre o futuro CEO.

Ainda não foi anunciado nenhum nome para esse papel, já que o imperador do luxo ainda controla as rédeas do grupo. A hora da verdade só chegará quando ele decidir se aposentar — o que pode ocorrer apenas aos 85 anos, em março de 2034.

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