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Com mais um trimestre fraco, Renner projeta segundo semestre melhor e ação lidera altas do Ibovespa

Em entrevista exclusiva à EXAME Invest, CFO da varejista de moda, destacou fluxo de caixa e diz cenário macro deve ajudar vendas e queda da inadimplência na Realize

Renner: Daniel dos Santos diz que segundo trimestre será de crescimento e melhor rentabilidade (Leandro Fonseca/Exame)

Renner: Daniel dos Santos diz que segundo trimestre será de crescimento e melhor rentabilidade (Leandro Fonseca/Exame)

Raquel Brandão
Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 4 de agosto de 2023 às 16h30.

Em mais um trimestre adverso, são os sinais positivos que estão chamando atenção do mercado para a Lojas Renner (LREN3). A ação da companhia saltava mais de 7% às 14h30 depois da companhia abrir seus dados do segundo trimestre e falar com analistas em teleconferência. "O grande destaque é a posição de caixa super relevante e o fluxo de caixa três vezes superior ao ano passado, mesmo com queda do faturamento", diz o CFO, Daniel Martins dos Santos, em entrevista exclusiva à EXAME Invest.

Essa melhora do fluxo de caixa, que somou R$ 262,9 milhões, explica o executivo, tem a ver com ações da companhia para melhorar a gestão de capital de giro, com o estoque ficando estável em peças, embora ainda levemente em valor. Também houve melhora em  prazo de vendas e fornecedores.

No segundo trimestre, o lucro da Renner caiu  36%, para R$ 229,7 milhões, enquanto a receita ficou 6% menor, para R$ 2.98 bilhões, após queda de 6,8% das vendas em mesmas lojas. Não é fácil, pois a base de comparação é dura. A Renner teve sue melhor trimestre entre abril e junho de 2022, o que aumentou a régua de comparação neste ano. Para piorar, faltou ajuda de São Pedro: o inverno foi muito mais quente, o que afeitou as vendas e fez a companhia ter de optar por um nível de "mark down" - as famosas promoções - maior.

Tudo isso estava na mira dos investidores já, o que ajuda a explicar a reação tão positiva, que bem, é claro, na esteira da redução dos juros definida pelo Copom na última quarta-feira, 2. Esse fator, aliás, vai ser essencial para começar a melhorar os números da operação do Realize, braço de serviços financeiros da companhia. De abril a junho, a carteira aumentou 12,9%, para R$ 6,17 milhões, mas os vencidos chegaram a 28,6% e as perdas líquidas, 6,4%, ainda com inadimplência machucando a operação.

"Trimestre ainda foi desafiador. Queda de juros vai, ao longo prazo, trazer efeito positivo, junto com outras medidas como ações nossas de negociação e o Desenrola. Ainda estamos fazendo a contas sobre o efeito do programa, mas isso deveria ajudar com o problema de inadimplência", diz o diretor.

No segundo semestre, perspectiva positiva

Mas o cenário para frente já é bem mais promissor, como observam os analistas. "Ao todo, o primeiro semestre de 2023
foi bastante desafiador para a Renner, mas o segundo semestre pode ser mais inspirador já que os juros começar a cair, o que pode impactar os gastos gerais do consumidor e melhorar a inadimplência em Realize", escreveu a equipe do Safra, reiterando recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 18,60.

Santos sinaliza três pontos que ajudam a apostar num segundo semestre de crescimento e maior rentabilidade. O primeiro deles é a equação de valor de moda, qualidade e preço. "Estamos com maior oferta de produtos na faixa de entrada, com preços mais acessíveis". Segundo ele, para isso a empresa melhorou negociações e obteve custo menor de matéria-prima.

O segundo ponto é agilidade. "Já superamos a reatividade que tínhamos pré-pandemia e entramos nesse terceiro trimestre com boa parte da coleção que vai ser oferecida. Se tem algo que o consumidor gosta mais ou menos, a gente consegue repor. É um foco no consumidor, ele está mais seletivo, mais cuidadoso no que vai escolher", explica.

Esses dois pontos já estão surtindo efeito, conta o executivo. As lojas de praças mais populares, que estavam com vendas mais pressionadas, passaram a ter resultado melhor, ficando próximo à média.

Por fim, a empresa segue ajustando as despesas. Em junho já saiu com uma alavancagem operacional,  ou seja, receita crescendo mais do que despesas. Isso, diz Santos, não é só fechamento de loja deficitária, mas redução de despesa em geral.

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