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Com compra da Tupi Mob, WEG avança no bilionário negócio de recarga de carros elétricos

Empresa catarinense adquiriu startup de mapeamento de eletropostos por R$ 38 milhões

WEMOB: estações de recarga de veículos elétricos da WEG (Divulgação)

WEMOB: estações de recarga de veículos elétricos da WEG (Divulgação)

Mitchel Diniz
Mitchel Diniz

Editor de Invest

Publicado em 16 de outubro de 2025 às 15h56.

Última atualização em 16 de outubro de 2025 às 18h01.

À primeira vista, uma aquisição de R$ 38 milhões pode parecer pequena diante do porte da WEG, uma empresa de valor de mercado da ordem de R$ 160 bilhões, pela cotação desta quinta-feira, 16. Mas ao assumir o controle da Tupinambá Energia, uma startup que mapeia estações de recarga de veículos elétricos, a companhia dá mais um passo numa estratégia iniciada seis anos atrás.

A catarinense lançou sua linha de estações de recarga em 2019, com equipamentos de abastecimento de veículos elétricos para residências e condomínios, estacionamentos públicos e privados, assim como para postos de recarga rápida.

A influência da companhia enquanto fornecedora de equipamentos para grandes indústrias ajudou o negócio a escalar desde então. A WEG levou suas estações às fábricas, para o carregamento de veículos pesados, como a da Mercedes Benz, em São Bernardo do Campo. Depois, fechou parceria com a montadora para fornecer o equipamento aos compradores dos carros elétricos produzidos pela empresa alemã.

Fez acordos semelhantes com Fiat, tornando-se fornecedor oficial de estações de recarga para modelos recém-lançados, e Volvo, ao equipar um hub de recarga de veículos elétricos e híbridos na região da Faria Lima, com capacidade para 80 carros simultâneos, considerado o maior da América Latina.

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Tupinambá vendeu eletropostos para a Raízen

Ao adquirir o controle da Tupinambá, a WEG entra um negócio "asset light". A startup atualmente é uma empresa de gestão e software, com seu aplicativo Tupi Mob, que mapeia estações de recarga de veículos elétricos. Mas ela já teve seus próprios equipamentos, mais de 200 eletropostos que foram vendidos à Raízen (RAIZ4) em 2024 e passaram a integrar a rede Shell Recharge.

A controlada da Cosan fez aportes milionários na Tupinambá em 2022, e desde então vinha explorando sinergias com a sua investida. A EXAME apurou que a WEG adquiriu a participação que a Raízen tinha na Tupinambá. A transação ainda precisa de aprovações dos órgãos reguladores.

A relevância da linha de estações de recarga de veículos nos resultados da WEG é uma incógnita, já que esses números não são detalhados. Mas a divisão continua ganhando tração: este ano, a companhia fechou contrato para fornecer equipamentos KARG, empresa da Allos que administra eletropostos em 13 shopping centers. Oito deles vão receber o equipamento da WEG.

Outro anúncio foi o lançamento de uma estação de recarga ultrarrápida — a mais veloz do Brasil, segundo a WEG — com capacidade de carregar quatro carros ao mesmo tempo.

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Aquisição com potencial, na visão do mercado

Relatório do BBI sobre a aquisição do controle da Tupinambá pela WEG informa que o mercado de equipamentos de recarga de veículos elétricos deve alcançar US$ 7.88 bilhões até 2023. Este é um segmento que tem crescido com o apoio de medidas de incentivo do governo a energias limas e maior adoção adoção de veículos elétricos.

"Regiões emergentes, como a América Latina, estão ganhando tração, mas ainda enfrentam problemas de infraestrutura", escreveram os analistas. Segundo eles, a operação deixa a WEG bem posicionada para ganhar presença na região e explorar o segmento na Europa, onde a demanda e receita gerada por esse equipamento são as maiores do mundo.

"A WEG poderia se beneficiar de sua exposição a esse mercado mais maduro usando essa experiência para refinar sua estratégia de execução na América Latina", diz o relatório do BBI.

"A WEG já oferece uma ampla gama de soluções em mobilidade elétrica, incluindo sistemas de propulsão, baterias, eletrônicos e infraestrutura de recarga", notam os analistas do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME).

"A aquisição amplia esse portfólio e apoia a expansão gradual do ecossistema de veículos elétricos da WEG no exterior, fortalecendo sua presença em um segmento inovador e de rápido crescimento."

A menos de uma hora do fechamento do pregão, as ações WEGE3 subiam 2,81%, a R$ 38,47.

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