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Com Brasil mais caro, BlackRock olha para Chile e Colômbia

Valuation elevado tem levado gestora americana a procurar oportunidades melhores em outros países

Chile e Colômbia: mercados dos dois países estão no radar da BlackRock (Golden Brown/Getty Images)

Chile e Colômbia: mercados dos dois países estão no radar da BlackRock (Golden Brown/Getty Images)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 21 de dezembro de 2019 às 07h00.

Última atualização em 21 de dezembro de 2019 às 08h00.

A maior gestora de recursos do mundo tem gasto mais tempo à procura de oportunidades no Chile e na Colômbia, à medida que as ações brasileiras parecem cada vez mais caras.

Após o rali de 28% do Ibovespa neste ano, Ed Kuczma, gestor de portfólio da BlackRock, afirma que outros mercados na região que não se saíram tão bem recentemente se tornaram mais atrativos. O índice brasileiro está sendo negociado a cerca de 15,4 vezes o lucro estimado, o maior nível em quase três anos.

“Continuamos com uma visão construtiva para o mercado acionário brasileiro em geral, mas vemos o valuation de determinados setores cada vez mais elevado, o que nos leva a alocar capital em outros mercados”, diz Kuczma, em entrevista de Nova York, onde administra US$ 1,9 bilhão em fundos de ações latino-americanas. “Chile e Colômbia são dois mercados em que passamos mais tempo procurando oportunidades.”

Kuczma está procurando desfazer sua aposta pessimista no Chile, em meio à avaliação de que o governo conseguirá apaziguar as manifestações por mais justiça social sem comprometer sua posição fiscal.

O índice S&P IPSA acumula queda de 4,5% neste ano em meio aos maiores protestos em décadas no Chile, além das preocupações com o crescimento econômico. No mês passado, a relação preço/lucro do IPSA atingiu o nível mais baixo em cerca de 10 anos.

“No Chile, adicionamos a ações de papel e celulose dado que o peso chileno se desvalorizou em novembro e criou uma tremenda oportunidade de ampliar a aposta nas exportadoras”, afirma Kuczma.

O Colcap, índice acionário da Colômbia, subiu 23% neste ano, mas não tem se distanciado do nível atual desde março. Embora o país também enfrente uma onda de protestos, as perspectivas para a economia ainda são sólidas e as previsões apontam para o crescimento mais rápido entre seus principais pares da região em 2019 e 2020. Na Colômbia, a BlackRock tem olhado para os setores financeiro e de energia.

Kuczma diz que também vê oportunidades entre as empresas de tecnologia argentinas.

“Essas empresas se beneficiam de talento qualificado e competitivo em programação na Argentina” enquanto tornam seus serviços disponíveis em outros países onde a economia está melhorando, afirma.

O que comprar no Brasil?

O principal fundo de ações da BlackRock na América Latina apresenta retorno de 13% neste ano, contra 14,8% do índice MSCI Emerging Markets Latin America.

O Brasil continua como maior overweight da BlackRock na região, em meio ao ciclo de corte da Selic para a mínima histórica e as reformas do governo. Recentemente, passaram a surgir sinais mais fortes de retomada econômica.

Ainda assim, a alta acumulada neste ano -- a maior entre os mercados acionários na América Latina -- e uma perspectiva mais cautelosa para o dólar, com a redução dos juros, levou o gestor a reduzir sua exposição ao Brasil.

Entre as ações brasileiras, a BlackRock tem visão positiva para os setores imobiliário e de saúde, este último sendo uma das maiores posições no momento.

“À medida que a economia melhora e o nível de desemprego diminui, vemos oportunidade para crescimento em novos membros para os serviços de saúde privados”, diz Kuczma.

Segundo ele, o processo de privatização das empresas brasileiras e o avanço da agenda liberal no Congresso serão os próximos principais catalisadores para o mercado local.

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