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Cogna reverte prejuízo no 3º tri; ação acumula alta de 250% no ano

Ação da Cogna tem maior valorização do ano entre as empresas da carteira do Ibovespa

Roberto Valério, CEO da Cogna: 'não tem mais ninguém no mercado preocupado com nossa dívida' (Eduardo Frazão/Exame)

Roberto Valério, CEO da Cogna: 'não tem mais ninguém no mercado preocupado com nossa dívida' (Eduardo Frazão/Exame)

Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 6 de novembro de 2025 às 18h27.

A Cogna (COGN3) registrou lucro líquido de R$ 191,6 milhões no terceiro trimestre de 2025, revertendo prejuízo de R$ 29,12 milhões um ano antes.  O resultado ajustado, que exclui efeitos não recorrentes, foi de R$ 250,88 milhões no período, alta de 664,6% na comparação anual.

o EBITDA Recorrente no período foi de R$ 422,7 milhões, um aumento de 9,8% em comparação com o terceiro trimestre de 2024. A margem EBITDA Recorrente caiu 2,3 p.p. para 27,7%. Roberto Valério, CEO do Grupo Cogna, observa que esse foi o 18º trimestre seguido de alta do indicador.

A receita líquida da companhia cresceu 18,9% no ano, para R$ 1,52 bilhões no terceiro trimestre de 2025. No terceiro trimestre de 2024, esse número havia sido de R$ 1,28 milhões.

A Kroton, braço de ensino superior da companhia, impulsionou o resultado. A receita líquida do segmento foi de R$ 1,13 bilhão no terceiro trimestre de 2025, um aumento de 20,9% em comparação ao mesmo período de 2024.

O lucro bruto do segmento foi de R$ 907 milhões, crescimento de 21,5% na comparação anual.

A captação de alunos da unidade cresceu nas três principais frentes, desconsiderando os admitidos via Prouni (aqueles que não geram receita): Presencial (+17,9%), Kroton Med (+6,4%) e EAD (+6,4%). No total, a safra de captação foi 7,3% maior no terceiro trimestre de 2025 do que no mesmo período de 2024.

Além do crescimento dos volumes de captação, o ticket médio também cresceu 11,7% de julho a setembro de 2025 em comparação com julho a setembro de 2024, sendo que o presencial cresceu 8,7%, o Kroton Med avançou 5,9% e o EAD subiu 14%.

“Quando você tem uma safra de captação 41% maior do que o ano passado e ela vai ficar com a gente quatro anos, significa que, olhando para frente, a gente tem uma boa perspectiva de crescimento de receita”, comenta Valério.

Por outro lado, os custos da Kroton Med também aumentaram. Segundo o CEO, isso é explicado porque das oito faculdades, três são novas e estão em período de maturação. A medida que essas turmas vão maturando, há a necessidade de se contratar mais professores, então o custo aumenta.

Geração de caixa livre é a maior desde 2018

A geração de caixa livre foi de R$ 291,21 milhões para R$ 300,12 milhões, um aumento de 3,1% no trimestre ano contra ano. No acumulado do ano, a geração de caixa livre totalizou R$ 583,9 milhões, crescimento de 197,9% em relação ao mesmo período do ano anterior. “O último ano que a gente atingiu esse volume de geração de caixa livre foi em 2018”, comenta Valério.

A dívida líquida da companhia reduziu R$ 474 milhões em relação ao terceiro trimestre de 2024, em razão do constante crescimento da geração de caixa e das ações de Liability Management (gestão de ativos e passivos da companhia) realizadas durante 2024 e 2025. Com isso, a dívida líquida atingiu R$ 2,6 bilhões no trimestre.

“Como estamos gerando muito caixa, obviamente a dívida líquida está caindo. Seja porque estamos pagando a dívida ou simplesmente estamos com esse dinheiro no caixa rendendo a CDI — e isso faz com que a nossa dívida líquida também caia”, pontuou o CEO.

Além da prioridade em usar a geração de caixa livre para reduzir a dívida, em um cenário de taxa de juros alta, uma segunda meta é remunerar o acionista. “Fizemos mais de R$ 120 milhões esse ano em recompra de ações, quase 4% da empresa foi recomprada nesse último ano.”

Com isso, a alavancagem da Cogna atingiu 1,11x no terceiro trimestre de 2025 frente a 1,58x no terceiro trimestre de 2024, a menor alavancagem da companhia nos últimos sete anos.

“Já não tem ninguém mais no mercado preocupado com o nosso nível de endividamento”, comenta Valério.

Parte desse capital gerado também foi utilizado para fechar o capital de Vasta. No dia 17 de setembro, a Cogna anunciou a oferta de aquisição da totalidade das ações da empresa de educação básica em uma operação que deve movimentar até US$ 79,85 milhões, oferecendo US$ 5 por papel em circulação no mercado. A empresa de educação já é detentora de 97,6% do capital social da Vasta.

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Vasta e Saber

Quando observado o EBITDA Recorrente, nem todas as subsidiárias se saíram tão bem: a Vasta, de educação básica, teve um crescimento de 25,4%, mas a Saber, de livros didáticos, teve um recuo de 8,2% — devido ao impacto comparativo da venda da SRV Editora Ltda na época.

“Mas a Saber é forte mesmo em faturamento no quarto trimestre, que é quando o governo federal pede os livros para entregar até fevereiro no começo das aulas”, explica Valério. E olhando sob essa ótica, as notícias são boas: o governo está comprando os livros do novo ensino médio.

“A última vez que ele comprou esse lote de livros, em 2021, a gente tinha 22% de market share. Esse ano a gente tem 30%. Isso significa que a nossa expectativa de faturamento é de crescer nesse programa porque a gente vai servir o governo com mais livros. Mas só vamos ver esse faturamento mesmo no quarto trimestre que é quando o governo faz os pedidos.”

Já a Vasta encerrou o terceiro trimestre de 2025 com um crescimento de ACV de 14,3% versus 2024. “ACV são aqueles contratos de sistemas de ensino com escolas por até cinco anos às vezes. Então quando o ACV cresce, significa que a perspectiva de receita para frente também é positiva porque esses contratos têm vários anos”, comenta Valério.

Mais um destaque para Vasta são as franquias da Start Anglo. De acordo com o CEO, há seis escolas funcionando esse ano e serão mais oito no ano que vem. Entretanto, há 50 contratos assinados de escolas que devem inaugurar até 2028.

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