Roberto Knoepfelmacher, head de ações da Vinci Partners (Exame Invest/YouTube)
Guilherme Guilherme
Publicado em 6 de abril de 2022 às 12h57.
Última atualização em 6 de abril de 2022 às 14h31.
Nem toda a alta acumulada pelo Ibovespa neste início de ano foi suficiente para tirar a atratividade da bolsa brasileira. Isso é o que disse Roberto Knoepfelmacher, head de ações da Vinci Partners, no 24º episódio do Clube, videocast da EXAME Invest.
“A bolsa está barata porque a NTN-B (IPCA+) está alta. As taxas de desconto estão muito abertas, parecidas com as de 2016, pela preocupação excessiva com o fiscal”, afirmou Knoepfelmacher. “Mas naquele momento [2016] a reforma da Previdência, a independência do Banco Central e o teto de gastos ainda não ainda haviam sido feitos.”
Não só os números fiscais têm surpreendido positivamente, segundo Knoepfelmacher, mas também os dados da atividade econômica brasileira. “Estão bem mais fortes do que o projetado no fim do ano passado.”
O PIB do quarto trimestre, divulgado no início de março, ficou em 0,5% na comparação anual frente ao consenso do mercado de 0,1% de crescimento. A recuperação do mercado de trabalho também tem se mostrado melhor que a esperada.
“Algumas histórias [de ações] de varejo e consumo podem se tornar interessantes”, disse. Nem todo o setor, porém, deve se beneficiar da mesma forma.
“Tem de separar por categoria. Empresas de eletroeletrônicos ainda podem sofrer com a ressaca do consumo durante a pandemia. Mas histórias de reabertura, como varejistas de vestuário e empresas de serviços, como turismo e educação podem ter um vento à favor nesse novo contexto.”
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Para Knoepfelmacher, o momento já pode ser de inflexão para os papéis do setor. “Quando tivemos com certa clareza que os juros futuros chegaram em patamar excessivo e começaram a cair, vimos uma mudança muito forte nessas ações de varejo. O humor do mercado virou para esse tipo de história.”
Mesmo otimista com o varejo, outro setor tem brilhado os olhos de Knoepfelmacher: o de telecomunicações. Nesta frente, as apostas da Vinci Partners têm se concentrado nas ações da TIM (TIMS3).
Segundo Knoepfelmacher, a empresa deve apresentar melhoria de margem, com a saída da Oi (OIBR3, OIBR4) do mercado de telefonia móvel e com a aquisição da maior fatia da empresa. “Um passo importante da consolidação do setor está ocorrendo agora, com a incorporação da Oi Móvel pelas três incumbentes (TIM, Vivo e Claro). As empresas estão mais propensas a serem muito mais disciplinadas do que foram no passado.”
A escolha por TIM, disse, se deve aos múltiplos considerados baixos, com Preço/Ebitda entre 3,5x e 4,5x para 2023. “É o múltiplo mais barato dos últimos cinco anos.” A expectativa de Knoepfelmacher, baseado em processos internacionais de M&A do setor, é de que o múltiplo acelere. “Quando passa de quatro para três competidores, há a tendência de diminuir o churn [taxa de cancelamento] e as promoções. Já estamos começando a ver esses sinais”.
Assista ao Clube com Roberto Knoepfelmacher, head de ações da Vinci Partners: