Invest

Clube recebe Fábio Spinola, da Apex: 'Pior momento do minério passou'

Sócio fundador e CIO da Apex Capital analisa os principais riscos para 2022, as perspectivas de ações de estatais e o impacto dos juros altos sobre o financial deepening no videocast da EXAME Invest

Fábio Spinola, sócio fundador da Apex Capital, é o convidado do oitavo episódio do Clube, o videocast da EXAME Invest (EXAME/Reprodução)

Fábio Spinola, sócio fundador da Apex Capital, é o convidado do oitavo episódio do Clube, o videocast da EXAME Invest (EXAME/Reprodução)

DR

Da Redação

Publicado em 24 de novembro de 2021 às 06h35.

Um dos temas de atenção do investidor em 2021 tem sido a cotação do minério de ferro, que afeta diretamente a ação mais negociada da bolsa brasileira: a Vale (VALE3). Os preços de contratos futuros recuaram cerca de 60% desde julho em razão da limitação da demanda na China, maior mercado consumidor da commodity no mundo. Como consequência, as ações da Vale se desvalorizaram em até 45% de julho até a última semana.

Mas esse movimento de correção pode estar próximo do fim. Foi o que afirmou Fábio Spinola, sócio-fundador e CIO (executivo-chefe de investimentos) da Apex Capital, no novo episódio do Clube, o podcast semanal da EXAME Invest com os principais gestores e estrategistas do mercado de capitais brasileiro. Ele conversou com Daniel Cunha, da área de Sales do BTG Pactual, e Bruno Lima, head de Equity Research do BTG Pactual digital.

A Apex, que completa dez anos em 2021, é uma das maiores gestoras do país, com 8 bilhões de reais em ativos. E Spinola é um dos gestores mais experientes -- são 27 anos no mercado financeiro (leia mais abaixo) -- e respeitados.

O gestor fez a análise sobre as perspectivas para o minério de ferro ao tratar dos principais riscos para a economia global, que dividiu em três grandes grupos: Brasil, Estados Unidos e China.

"A China vai crescer um pouco menos, isso está contratado. É uma desaceleração induzida. A percepção que temos é que o governo pode estar querendo guardar munição para o momento em que os Estados Unidos começarem a retirar liquidez do mercado, em uma política contracíclica", disse o experiente gestor e sócio da Apex.

Segundo ele, em um horizonte de longo prazo, a China foi induzindo essa desaceleração, principalmente no setor de construção civil, que é um dos grandes pilares de crescimento do país. "Mas o pior momento para o minério de ferro talvez já tenha passado. O grosso do movimento de correção já aconteceu."

Mas isso quer dizer que é hora de ficar comprado em minério e na Vale? Não exatamente, explicou.

"Não vejo uma recuperação de preço [do minério] porque acho que a China vai crescer a taxas mais baixas. Eu gostaria de ver mais incentivos e sinais de políticas do governo de que vai acelerar o setor de construção civil e que haverá uma demanda adicional por minério", afirmou o experiente gestor sobre a sua visão para esse mercado.

Assista ao novo episódio do Clube, com Fábio Spinola, sócio fundador e CIO da Apex Capital:

yt thumbnail

Cenário para estatais

Spinola comentou o cenário para as estatais. "Se pegarmos a Petrobras [PETR3, PETR], está muito barata, considerando onde está o preço da commodity. Mas se 'amanhã' o petróleo cair 30%, a ação vai cair. Não adianta estar negociada a 2x, 3x o Ebitda. Não vai acontecer de o petróleo cair e a ação ficar parada", disse o gestor. "Aconteceu exatamente isso com a Vale recentemente", lembrou, em referência à desvalorização da ação depois da queda do minério de ferro.

É uma perspectiva diferente da que se apresenta para o Banco do Brasil, segundo ele.

"O Banco do Brasil é uma pegada bem mais assimétrica porque não tem a commodity. O banco opera no nível de book value do pior momento da Dilma, no fim de 2015, quando o banco estava virtualmente quebrado, com uma estrutura de capital muito fragilizada. Não é o caso agora. Por assimetria, o Banco do Brasil está muito barato."

"Se houver alguma melhora, o papel anda", disse Spinola sobre a ação do banco (BBAS3). Ele apontou que é um caso diferente da Petrobras, que depende também do preço do petróleo no mercado global.

Início no Banco Garantia

Spinola tem uma experiência de 27 anos no mercado financeiro, tendo começado em 1994 no então Banco Garantia, onde trabalhou na mesa de operações. O Garantia foi uma das instituições financeiras mais prestigiosas do país, por onde passaram e cresceram profissionais como Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira.

Com a aquisição do Garantia pelo Credit Suisse em 1998, Spinola passou a trabalhar na operação do banco suíço no país: foi chefe da área de renda fixa internacional da mesa proprietária e depois gestor dos fundos de renda fixa e multimercados, entre 2004 e 2005, quando construiu a reputação como um dos melhores gestores do país.

De 2005 a 2011, foi sócio diretor e responsável pela estruturação e depois gestão de todos os fundos de renda variável na Quest Investimentos, de onde saiu para fundar a Apex Capital.

Acompanhe tudo sobre:BB – Banco do BrasilCommoditiesGestores de fundosMinério de ferroPetrobrasVale

Mais de Invest

Petrobras ganha R$ 24,2 bilhões em valor de mercado e lidera alta na B3

Raízen conversa com Petrobras sobre JV de etanol, diz Reuters; ação sobe 6%

3 razões para acreditar na ‘mãe de todos os ralis’ para a bolsa brasileira

Quanto rende R$ 18 milhões da Mega-Sena por dia na poupança?